Francisco, que completou 87 anos no domingo, fez seus comentários durante a tradicional saudação de Natal aos membros da Cúria, a administração central do Vaticano.
Nos primeiros anos de seu papado, ele fez das saudações de Natal uma ocasião para críticas contundentes à burocracia, destacando o que, na época, chamou de suas “doenças” e “enfermidades”.
Hoje, o papa mencionou o debate contínuo entre progressistas e conservadores 60 anos após o Concílio Vaticano 2, que introduziu a Igreja no mundo moderno.
“Permaneçamos vigilantes contra posições ideológicas rígidas que, muitas vezes, sob o pretexto de boas intenções, nos separam da realidade e nos impedem de seguir em frente”, disse ele.
“Em vez disso, somos chamados a partir e viajar, como os Magos, seguindo a luz que sempre deseja nos guiar, às vezes por caminhos inexplorados e novas estradas”, afirmou.
Na segunda-feira (18), ele aprovou uma decisão segundo a qual os padres podem administrar bênçãos a casais do mesmo sexo sob certas condições e desde que não se assemelhem ao casamento e não façam parte dos rituais ou liturgias da Igreja.
Embora a abertura do papa às bênçãos para casais do mesmo sexo tenha sido bem recebida por muitos, os conservadores disseram que isso poderia abalar os fundamentos da fé e até mesmo levar a um cisma na Igreja.
Desde que foi eleito por cardeais há dez anos, Francisco tem tentado tornar a Igreja mais acolhedora para as pessoas que se sentem excluídas, como os membros da comunidade LGBT, mas sem mudar nenhuma parte dos ensinamentos cristãos sobre questões morais.
Ele disse na reunião desta quinta-feira que os cristãos devem estar sempre inquietos e abertos a mudanças.
“A fé cristã — lembremos — não se destina a confirmar nosso senso de segurança, a nos deixar acomodados em certezas religiosas confortáveis e a nos oferecer respostas rápidas para os problemas complexos da vida”.