O Terceiro Encontro de Estudos Afro-Latino-Americanos da Alari é um congresso promovido pela Harvard University, a universidade mais prestigiada do mundo. Este evento ocorreu pela primeira vez no Brasil e foi encerrado nesta sexta-feira (12) na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Entre os trabalhos, um deles destacava a presença do hip hop em projetos de pesquisa, ensino e extensão na Universidade Federal de Rondônia (Unir). A comunicação foi feita pelo professor da Unir Carlos Guerra Júnior e foi denominada “O Hip Hop Invadiu a Academia: O Rap no Ensino, Extensão e Pesquisa na Universidade Federal de Rondônia”. Esse trabalho foi apresentado em um painel que também contou com a participação das pesquisadoras e professoras de várias partes do Brasil, nomeadamente Jaqueline Santos e Daniela Vieira, ambas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Márcia Marques, da Universidade de Brasília (UnB) e Adalberto Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
A iniciativa de criar o painel e convidar os professores participantes surgiu do próprio docente da Unir, que formulou a proposta para o Afro-Latin American Research Institute (Alari), um centro de estudos de Harvard que tem caráter multidisciplinar e é dedicado a se aprofundar em promover o conhecimento e a conscientização sobre histórias, culturas e experiências de pessoas de ascendência africana na América Latina.
Na apresentação, Carlos destacou a criação do podcast Barras Maning Arretadas, em que estudantes da Universidade Federal de Rondônia entrevistam rappers de cidades africanas que têm influência da língua portuguesa, para mostrar a diversidade cultural existente nos países africanos. Outra iniciativa da Unir, destacada no evento de Harvard, foi a criação da disciplina Estratégias de Comunicação da Música Rap, que mostrou como as letras de rap ajudam a pensar temas de disciplinas convencionais, através de dinâmicas lúdicas.
Carlos Guerra também relatou a continuidade desses estudos em pesquisas como os trabalhos de conclusão de curso de Juliane Lima, na área da Biblioteconomia, que propôs a criação de um acervo de hip hop; de Ana Laura Gomes, no Jornalismo, que se trata de um livro-reportagem sobre as biografias de rappers mulheres rondonienses; bem como da pesquisa em curso de Francisco Gabriel, no Mestrado em Comunicação, que estuda o hip hop através de discursos migrantes em um comparativo entre Rondônia e Cabo Verde, um país africano de influência portuguesa.
Também foram destacados produtos como a recém-lançada segunda edição da revista Versões Ausentes, que destaca o processo de catalogação do movimento Hip Hop em Rondônia e a história do DJ Vilber Scratch. Relatou-se ainda a presença de rappers em eventos de extensão, como foi o caso do Colóquio de Comunicação e Cultura da Amazônia Rondoniense, além de ser mencionado que existem produções audiovisuais e musicais envolvendo a presença do rap na Unir.