Por Emerson Barbosa
Coco Channel descreveu um pouco daquilo que seria para ela a natureza da moda: “Não é a aparência, é a essência. Não é o dinheiro, é a educação. Não é a roupa, mas a classe”. Décadas mais tarde, a citação que ficou imortalizada no conhecimento da estilista e empresária francesa continua viva, só se adaptou a realidade do momento.
Com a evolução dos processos, traçados pelo desenvolvimento de novos conhecimentos a partir da Revolução Industrial, o século XXI vem exigindo muito mais de nós seres humanos desde o caminham, o modo de ser, agir e, principalmente o de pensar consciente. A moda onde as costuras por séculos alinharam uma tendencia do politicamente incorreto, hoje para a sua sobrevivência, necessita trilhar milimetricamente um caminho que o mundo evoluído tem associado ao ‘biodegradável’.
Não basta fazer do corpo um entulho de marcas. A moda tem exigido muito mais e passou a cobrar responsabilidade social da “sociedade” que por obrigação deve cuidar do “meio” ambiente. No auge da degradação ambiental, o estilo ressurge reafirmando que também pode ser uma arma na luta diária pela preservação das matas.
Se vestir-se adequadamente nunca esteve tão na moda, principalmente quando o estilo é o ‘minimalista’, que nada mais é, que tomar para si o menos possível para manter uma vida de plenitude reduzindo drasticamente os níveis de consumo. De Rondônia, a ativista, Txai Suruí (Walela Soet Xeige) traz essa tendencia na própria essência.
A prática do minimalismo vem à tona todas as vezes que a jovem surge em algum evento público. É assim ao calçar, no vestir-se, momento em que mais expressa a força dos antepassados.
“Moda é mais do que roupas ou figurinos. Ela dita estilo de vida, tendência e aquilo que é considerado belo ou bonito. Representatividade importa. Moda é política e nossos corpos também. Ser originário é lindo e carrega história e luta”, Txai Surui.
No Baile da Vogue, deste ano, a expressividade indígena mais que aflorou nos manequins daqueles que representam alguma ação de envolvimento com a causa ambiental e/ou indígena.
Txai foi uma das presenças marcantes da edição que aconteceu em fevereiro. A jovem dividiu a expressividade com outros indígenas brasileiros em figurinos criados especialmente pela marca Nalimo, da estilista indígena Dayana Molina.
Atuando no país, há seis anos, a Nalimo aposta no estilo minimalista. Atende ao mercado pelo sistema e-commerce www.nalimo.com.br tendo suas roupas desenvolvidas apenas utilizando a mão-de-obra de mulheres. Day Molina, fundadora da marca se descreve como pioneira da representatividade indígena no campo da moda.