Na comunidade indígena Yawanawá, situada na aldeia Amparo às margens do Rio Gregório, em Tarauacá (AC), um feito impressiona: frutos de cupuaçu que chegam a pesar mais de 3 quilos estão sendo colhidos graças a um método sustentável de cultivo. O segredo por trás dessa produtividade está na técnica do plantio consorciado — uma prática que integra diferentes espécies no mesmo espaço, contribuindo para a saúde das plantas e controle de pragas de forma natural.
Segundo Arlindo Luiz Yawanawá, líder comunitário, há cerca de três anos foram destinados 2 hectares da terra indígena ao cultivo de frutas como banana, cacau e cupuaçu, além de hortaliças, beneficiando aproximadamente 100 pessoas. Entre 280 e 310 pés de cupuaçu foram plantados, e a primeira safra surpreendeu com o tamanho dos frutos.
“A riqueza do solo favorece um desenvolvimento extraordinário das plantas. O cultivo consorciado é fundamental, pois uma espécie fortalece a outra e ajuda na resistência contra pragas”, explicou Arlindo ao Portal Acre Mais.
A produção é inteiramente voltada ao consumo da própria comunidade, sendo utilizada em receitas de sucos, doces, cremes e geleias. O modelo de plantio adotado, além de fornecer alimentos nutritivos, contribui para a preservação da floresta e para o equilíbrio do ecossistema local. Essa prática, cada vez mais comum entre os povos indígenas da região, reforça a autonomia alimentar e promove o uso consciente dos recursos naturais.
O cultivo do cupuaçu na aldeia Amparo é um exemplo de como o conhecimento ancestral pode se aliar a práticas agrícolas eficientes, garantindo colheitas abundantes sem abrir mão da sustentabilidade.

O cupuaçu, cientificamente chamado Theobroma grandiflorum, é uma fruta amazônica da mesma família do cacau. Normalmente, seus frutos pesam entre 1,5 kg e 2,5 kg, mas em condições ideais — como solos férteis e técnicas como o plantio consorciado — podem ultrapassar os 4 kg.
Esses frutos gigantes são mais frequentes nos estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia, tanto em áreas indígenas quanto em propriedades de agricultores familiares. Registros na região do Baixo Amazonas e no Alto Juruá já mostraram colheitas de cupuaçus excepcionais, reforçando o potencial da agricultura sustentável aliada ao saber tradicional.