Guayaramerín, BOLÍVIA (BENI) – Desse lado da fronteira bi-nacional (Bolívia-Brasil), por volta dos anos 2006-10, empresários brasileiros e bolivianos acantonados nesta Província já admitiam acreditar que as duas cidades co-irmãs teriam chances iguais de alavancarem suas economias por conta e risco de investimentos governamentais.
Uma saída plausível para os dois lados, segundo defendia, à época, um ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Guajará-Mirim, conhecido parceiro classista do atual prefeito Cícero Noronha, 'seria impedir o suposto movimento de mercadorias e produtos, na inicial, saídos de Rondônia e não alfandegados do lado boliviano'.
Com relação ao controle alfandegário entre os dois países, lojistas e investidores desse lado que têm negócios com brasileiros, apostavam na instalação de órgãos de inteligentes.
Atualmente, o movimento de mercadorias e produtos advindos é muito intenso desse lado para as cidades de Rondônia no viés Buena Vista (que teve seu comércio sob palafitas destruído por incendiado por fogo que irrompeu e ainda não investigado) e Guayaramerín, 'a maioria é de importados chineses e coreanos'.
Sãos os mesmos vendidos no comércio do outro lado da fronteira, mas um pouco mais salgado nos preços, revela antigo dirigente de La Federación De Los Micro-Empresários.
Eletrodomésticos fora da lista de importação da linha branca (geladeira, ar-condicionado e outros) não atraem os brasileiros como a busca por bebidas (Amarula, uísques, licores, vinhos etc), calças jeans, tênis, shorts, calções além de roupas ao estilo dos jovens e adultos alçados à moda do momento.
Por conta e risco das autuações em cumprimento à legislação fiscal do lado brasileiro, sobretudo a produtos agropecuários bolivianos, 'los hermanos têm se sentido muito discriminado quanto à dura fiscalização daqui pra lá', reclama um empresário com dupla cidadania.
Do outro lado, bolivianos compram alimentos e produtos de origem animal. Gastam muito em aquisições de remédios, medicamentos e muito mais nas redes de supermercados. E muito mais por conta da alta do Dólar ou do Euro, cujas taxações afetam muito mais o Brasil que a Bolívia.
E na falta de legislação um pouco mais flexibilizada é que a cidade de Guajará-Mirim, com mais de 45 mil habitantes, com fortíssimas atrações ainda não descritas pelas autoridades brasileiras, deixa de arrecadar um pouco mais com a falta de incentivos ao turismo regional.
A cidade rondoniense, afirmam lojistas entrevistados – mas que se negam revelar a identidade – 'brasileiros são bem-vindos à nossa Província'. Eles sempre fortaleceram a economia local. A prova é a presença maciça deles em caravanas no comércio, clínicas e hospitais. Além dos hotéis e pousadas nos finais de semana.
Já no lado brasileiro, a cidade de Guajará-Mirim tem recebido pesadas críticas durante anos pela falta de políticas públicas voltadas ao seu desenvolvimento físico, material, ambiental, econômico, cultural e artístico por parte do governo do Estado. De 2006 a 2019, nenhum gestor estadual apostou no soerguimento dessas potencialidades, como o ex-prefeito (já falecido) Isaac Bennesby, a citação foi feita por um alto empresário do ramo de lojista fincado ao menos três décadas no lado boliviano da fronteira.
– Isaac, engenheiro civil destacado, enfrentou os militares e exigiu que a estrada fosse construída até Porto Velho, recordou indo às lágrimas o ex-comerciante coladinho à estação central dos trens da Ferrovia Madeira Mamoré.
Ele peitou os militares, com a ajuda de deputados e senadores rondonienses no Congresso, a estrada saiu e puxou pra cima novos investimentos do governo federal como a construção do quartel do Batalhão de Infantaria (BIS), linhas de ônibus, rede de supermercados, farmácias e o fortalecimento da economia com a chegada de hospitais, clínicas e linhas aéreas – essas desativadas até aos dias atuais.
Em rápidas consultas ao meio empresário e lojista no lado rondoniense da fronteira, muitas são as queixas desses segmentos. Os grupos de interesse em investir em turismo e na rede hoteleira, dois dos principais setores da economia ainda estagnados desde os últimos governos, 'não se sentem atraídos nem pela boa vontade transmitida pelos secretários de Turismo que chegam à cada governo'.
Apesar de suas potencialidades naturais indicarem que a saída econômica para que Guajará-Mirim deslanche seria dinheiro bom e barato aos empreendedores (locais ou de fora), a curtíssimo prazo, 'até agora, nenhum gestor lançou seu olhar, plenamente, a esse nicho de mercado', desabafa o brasileiro naturalizado boliviano em Guayaramerín.
O dono de um dos mais famosos Resorts da Província boliviana, fala que 'gestores brasileiros fazem um barulho danado quando anunciam investimentos no lado rondoniense e ao final, divulgam na mídia e nos aparecem por aqui, ocupando nossos hotéis, se deliciando da comida e souvernires andinos'.
Para a fonte, deve haver, na prática, legislação fiscal compatível, dinheiro bom e barato nas mãos de quem, realmente, 'é habilitado para o comércio internacional, turismo regional e em todas as tendências econômicas potenciais da região, esse é o caminho para alavancar a economia moderna nos dois lados da fronteiras bi-nacional'.