Porto Velho, RONDÔNIA – Ninguém sabe ao certo quantos prédios públicos e privados, tombados ou não, na área central da cidade. Porém, um deles chama a atenção por ter sediado a sede da Superintendência do Banco da Amazônia (BASA), hoje, abandonado, jogado às traças e entregue aos vândalos.
Localizado à Avenida Presidente Dutra, em frente ao Edifício Rio Madeira e quase coladinho à Reitoria da Universidade de Rondônia (UNIR), o antigo Banco da Borracha virou ruínas e bunker de moradores de rua e pontos de distribuição de drogas pelo menos há cerca de dois anos.
Do luxo ao lixo, o antigo edifício sede do BASA, abrigou as principais Carteiras de Crédito e Financiamento do agronegócio madeireiro, bovino e também da agricultura familiar nas últimas décadas nesta Capital. Atualmente, “o estado da antiga sede do BASA é lamentável e vergonhoso”, diz o presidente do Sindicato dos Soldados da Borracha e Seringueiros da Amazônia (SINDSBOR), com sede representativa dos Estados amazônicos em Porto Velho, José Romão Grande, 93 anos, remanescente do Período Áureo da Borracha no antes e pós-Segunda Guerra (1939-45).
Não é por que não se trata de um prédio secular e não tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que o desativado edifício-sede do BASA não possa ser restaurado, público ou privado, daria lugar ao Museu da Borracha de Rondônia e Acre, dois dos estados amazônicos, ao lado do Pará e Amazonas, que mais contribuíram cm o esforço guerra exportando borracha aos Aliados liderados pelos Estados Unidos da América, recorda-se Romão Grande. Desativado, o prédio teve portas, janelas, bacias, vasos, telhas e o forro saqueados, além de painéis eletrônicos, fiação elétrica e luminárias internas e externas da agência furtados em sucessivos saques protagonizados por moradores de rua- da noite para o dia.
A antiga sede do BASA fazia parte do conjunto de prédios considerados modernos da “Era Governador Coronel Jorge Teixeira”. O banco, além dos nomes nativos em cargos de destaques, a ex-Superintendência abrigou o alto escalão do Regime Militar de 64 nas Carteiras de Crédito e Fomento às linhas de financiamento e aquisição da produção do cacau, café e seringais de cultivo a assentados do INCRA e ao grande produtor através da ex-Superintendência do Desenvolvimento da Borracha (SUDHEVEA).
É que o imóvel sofreu algumas tentativas de assalto, a maioria com insucesso e baixa à criminalidade, à época, foi palco de liberação de recursos à edição de livros e eventos financiados pela Lei Rouanet a intelectuais nativos e fazedores de cultura amazônica e, em especial, ao Grupo Raízes (Distrito de Nazaré, do Baixo Madeira), Grupo Êxodus (Grupo de Teatro Jerusalém da Amazônia), Cine Amazônia e a projetos paralelos de Arte, Cultura, gravação de CDs e incentivo ao Artesanato e exposições agropecuárias.
O estado de abandono de prédios públicos e privados no Centro Antigo de Porto Velho, nas duas últimas décadas fez subir o índice de descaso do ranking municipal, estadual e federal. Estima-se que, lamentável e vergonhosamente, o número de prédios abandonados beira a 30 imóveis Entre públicos e privados, o desmonte é atribuído, na inicial da constatação, por moradores e por dependentes químicos. Eles usam esses locais para venda de drogas, moradia ou para exploração de mulheres.
O Centro Histórico, também, experimenta uma grande onda de abandono de prédios que antes funcionavam farmácias, livrarias, lavanderias, academias, lojas de departamento, agências bancárias, lanchonetes, restaurantes, escritórios e clínicas odontológicas que passaram a migrar à zona Leste e Sul da cidade.
Desativados ao menos cinco anos, vários prédios – soma-se ao grande número do ranking na área central o da antiga Superintendência do BASA – viraram verdadeiras colônias habitadas por zumbis (dependentes químicos e marginais). A ocupação ilegal se dá sob o olhar complacente do poder público, político e em parte culpa dos próprios donos dos móveis.