DOMINGO, 20/04/2025

INSTITUTO MAMIRAUÁ UTILIZA IMAGENS DE SATÉLITE DOS ÚLTIMOS 30 ANOS PARA MAPEAR AGRICULTURA EM RESERVA NA AMAZÔNIA

O projeto coletou informações com os moradores para entender as imagens de satélite em alta resolução utilizadas no trabalho.

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INSTITUTO MAMIRAUÁ UTILIZA IMAGENS DE SATÉLITE DOS ÚLTIMOS 30 ANOS PARA MAPEAR AGRICULTURA EM RESERVA NA AMAZÔNIA - News Rondônia

Por Bernardo Oliveira

Os moradores reuniram-se ao redor do mapa com curiosidade, apontando suas casas, locais de trabalho e convivência. Era a primeira vez que observavam a sua região de cima. Os cartazes com as imagens das comunidades, entregues na sexta-feira, 11, em São Paulo do Coraci, e no domingo, 13, em Várzea Alegre, foram retribuições da pesquisa “Mapeamento e monitoramento remoto de agroecossistemas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã”, unidade de conservação localizada no estado do Amazonas. O projeto coletou informações com os moradores para entender as imagens de satélite em alta resolução utilizadas no trabalho.

INSTITUTO MAMIRAUÁ UTILIZA IMAGENS DE SATÉLITE DOS ÚLTIMOS 30 ANOS PARA MAPEAR AGRICULTURA EM RESERVA NA AMAZÔNIA - News Rondônia

 

Realizado desde 2014 e concluído no ano passado, o estudo teve como objetivo entender a dinâmica da agricultura migratória realizada pelas comunidades ribeirinhas da reserva Amanã e como a atividade está alterando a paisagem local e impactando a floresta. “Mesclamos dados em alta resolução de 2014 e 2016 com dados de resolução menor, de bancos de dados mais antigos, que contêm informações dos últimos 30 anos.”, explica Jéssica dos Santos, geógrafa e pesquisadora do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Agricultura tradicional e de baixo impacto à natureza

A agricultura migratória com corte e queima, realizada há milênios na Amazônia, ainda é a forma mais comum de ocupação agrícola no interior da reserva. A prática inclui a derrubada de parte da vegetação e em seguida a queima dos resíduos extraídos. O fogo “limpa” o local e as cinzas servem como adubo para o solo. A área então é utilizada para cultivo durante três ou quatro anos e, quando os nutrientes do solo estão exauridos, o agricultor migra seu plantio para outro lugar. O pedaço de terra que fica para trás entra em um tempo de pousio – período em que a floresta pode se recuperar. Essa vegetação em regeneração é chamada de capoeira. Anos mais tarde, quando o solo está reestabelecido, esse agricultor pode retornar e reutilizar a área.

Através da pesquisa, descobriu-se que, desde 1988, algo em torno de 6 mil hectares de floresta foram convertidos em áreas agrícolas pelos moradores da reserva Amanã, que foi fundada em 1998 e possui mais de 2,3 milhões de hectares. Esse número está dentro do limite de uso sustentável estabelecido pelo decreto de criação da unidade de conservação. Outra boa notícia é que 60% da agricultura foi realizada em áreas reutilizadas, que já haviam passado por um ou mais períodos de pousio.

“Notamos que existe um alto retorno às áreas de pousio, o que reduz a pressão sobre as regiões de floresta madura ou vegetação primária. ”, explica Jéssica. “O tamanho do impacto depende do contexto no qual a agricultura foi realizada. Dependendo de onde é cultivada, ela pode sim ser muito impactante. Por ser migratória, necessita de espaços maiores. O tempo de pousio é importante para que floresta se recupere. ”

Em locais mais povoados, a disputa por espaços para o plantio é mais intensa e o período de pousio permitido pelos agricultores tende a diminuir. Com menos tempo para se regenerar, todo o sistema fica prejudicado. “Aqui na reserva Amanã, ainda não temos esse contexto. A agricultura ainda não é tão impactante quanto em outros lugares por estarmos falando de uma unidade de conservação e por lá não ter as estruturas que intensificam seu impacto: a densidade populacional é baixa e o plantio ainda é feito de um modo muito tradicional.”

Apesar dos resultados positivos, a pesquisadora ressalta a importância de se continuar o monitoramento para que a situação se mantenha dentro da proposta de desenvolvimento sustentável da reserva. “[O monitoramento] ajuda nas ações de extensão do instituto. Assim, descobrimos onde está acontecendo uma expansão maior na agricultura, um menor tempo de pousio, as pessoas utilizando mais áreas de floresta. Isso nos permite pensar em ações de extensão agrícola para essas comunidades. ”, afirma Jéssica, que é membro do Grupo de Pesquisa em Agricultura Amazônica, Biodiversidade e Manejo Sustentável do Instituto Mamirauá.

A pesquisa faz parte do projeto “Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação (BioREC)” do Instituto Mamirauá, realizado com o apoio do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).

Retorno dos dados às comunidades

Outro aspecto importante do trabalho nas duas oficinas foi a devolução dos dados coletados aos ribeirinhos, que participaram do estudo auxiliando a pesquisadora a interpretar as imagens de satélite. “Quando eu devolvo o mapa à comunidade, ela passa a ter outra visão do território dela. Eles já tinham uma visão horizontal e essa ferramenta proporciona agora uma visão vertical, de cima. Com o plano de gestão que está vindo agora, onde vão ser discutidas questões de zoneamento e de uso das áreas, o mapa vai facilitar o processo.” A geógrafa se refere ao plano de gestão que está em desenvolvimento com parceria dos moradores da reserva Amanã.

As duas comunidades foram escolhidas para a coleta de dados por estarem situadas em regiões de várzea – áreas de florestas alagáveis que passam parte do ano debaixo da água. “Nas áreas de terra firme, já temos um banco de dados de campo bem consolidado sobre essas áreas agrícolas, mas tínhamos poucas informações da várzea aqui da reserva Amanã.”

Para demonstrar os resultados obtidos e explicar o mapa às comunidades, Jéssica propôs que alguns moradores interpretassem tipos diferentes de plantio – um seria um bananal, outro uma plantação de milho ou mandioca etc. Em seguida, sugeriu que eles se posicionassem em uma representação espacial do ambiente das comunidades. “Eu gostei muito do envolvimento dos comunitários [nas oficinas]. Porque são assuntos difíceis de serem entendidos, então essa forma mais dinâmica de devolver as informações na brincadeira, sem deixar de falar o que é preciso, facilita a receptividade da reunião e o entendimento.”

“Eu nunca tinha visto a comunidade de cima. Achei muito legal.”, conta Cenay da Silva, agricultora de 50 anos que mora na comunidade Várzea Alegre desde que nasceu. “Nós vamos estender o mapa na escola, vai ser muito importante para nós.”



 

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