Não é de hoje que o estado de Rondônia desponta em casos de violência contra as mulheres. Também não é novidade o detalhamento dos informes que mostram os crimes cometidos contra elas, sendo o feminicídio o mais recorrente. Nesta semana, em mais uma edição, o Atlas da Violência divulgou os números que voltaram a confirmar a real situação brasileira, em especial nos estados da Região Norte.
No Brasil, o inventário aponta as quatro unidades federativas com as maiores taxas de homicídios de mulheres entre 2013 e 2023, por 100 mil habitantes. Com 5,9 casos, Rondônia ficou em segundo lugar no ranking, superada apenas por Roraima, com 10,4 mortes de mulheres por 100 mil habitantes. O terceiro posto também foi para o vizinho Amazonas. Os estados da Região Norte têm um agravante, segundo o Atlas da Violência: eles superam, e muito, a média nacional, com a marca de 3,5 por 100 mil mulheres.
Não tão distantes deles vêm o Pará (5,2), o Acre (3,8), o Tocantins (3,2) e o Amapá (3). O documento chama a atenção para o fator étnico-racial das mortes. “É interessante notar o perfil étnico-racial dessas mulheres, uma vez que a população indígena é bastante representativa na região amazônica”, porém torna emblemático o cenário por conta das características que explicam que: “as características étnico-raciais da mortalidade nesses estados podem ser imprecisas: o Atlas da Violência vem chamando a atenção para o fato de que as notificações de mortalidade indígena, por não se basearem em autodeclaração, tendem a ser subnotificadas na categoria ‘parda’.”
Em Roraima, foram registradas 31 vítimas (12 indígenas e 19 pardas); no Amazonas, são 3 indígenas e 104 pardas, num total de 107 vítimas. No cenário de Rondônia, o Atlas da Violência não pontua notificações, mas acredita-se que esse silêncio pode refletir subnotificações. Já em Rondônia, não foi registrada nenhuma morte de mulher indígena dentre as 54 vítimas, embora a maioria (36) seja parda. Ou seja, é possível que o assassinato de mulheres indígenas esteja subnotificado”, explica parte do relatório.