A convite do General de Brigada Diógenes de Souza Gomes, comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, nossa equipe acompanhou nesta terça-feira (13) o segundo dia do estágio básico de combatente de selva, conduzido pela 17ª Companhia de Infantaria de Selva. Fomos recebidos pelo capitão José Sérgio, comandante da 17ª Companhia de Infantaria de Selva, que nos apresentou com riqueza de detalhes as instruções e desafios enfrentados pelos recrutas ao longo do curso, que tem duração total de cinco dias.
Com apenas 18 ou 19 anos, os 147 recrutas enfrentam, pela primeira vez, os rigores da floresta amazônica. Mais do que um treinamento físico, a jornada é um verdadeiro teste de resiliência emocional, disciplina e adaptação ao ambiente hostil da selva.

Técnicas de sobrevivência e preparo para a realidade da selva
Durante o estágio, os soldados recebem instruções fundamentais para sobreviver em condições adversas. No segundo dia de atividades, o qual acompanhamos, os recrutas passaram por aulas práticas sobre obtenção de alimentos, orientação diurna e noturna, montagem de abrigos e manutenção de fogueiras. São habilidades cruciais para garantir a segurança e a eficiência durante operações em regiões remotas.

Segundo o capitão Rafael Pinheiro, coordenador do estágio, o foco do treinamento vai além do físico: “Eles precisam aprender a se virar. Não é só força. É inteligência emocional, disciplina e trabalho em equipe”.
Lidando com os perigos da selva
A instrução de ofidismo também fez parte das atividades do dia. Os recrutas aprenderam a reconhecer serpentes peçonhentas e a adotar condutas seguras para evitar acidentes, além de técnicas de primeiros socorros em casos de picadas — uma instrução vital em um ambiente onde o risco é constante.

Além disso, os soldados foram ensinados a montar o taperi simples, um tipo de abrigo que os mantém afastados do solo e de animais peçonhentos, e a confeccionar armadilhas para caça, caso precisem obter alimento durante missões prolongadas.

Navegação, alimentação e prática na floresta
Outro destaque foi o uso da peconha, técnica usada para coletar alimentos em altura, como o açaí e o coco — fontes ricas em energia e nutrientes. As fogueiras do tipo rabo de jacu, que proporcionam calor, luz e proteção contra animais, também fazem parte da rotina de sobrevivência ensinada aos soldados.

O capitão José Sérgio ressaltou que cada detalhe do treinamento é pensado para formar combatentes preparados para a realidade da selva. “O maior desafio não é físico, é psicológico. Eles estão aprendendo a sobreviver, a pensar rápido, a cuidar uns dos outros. Estão se tornando homens e mulheres preparados para proteger o Brasil”, afirmou.

Convite à população
A jornada termina em grande estilo com a formatura dos recrutas, marcada para às 8h da manhã de sexta-feira dia 16, na sede da 17ª Companhia de Infantaria de Selva. A população está convidada a prestigiar esse momento simbólico, que celebra o encerramento de uma etapa desafiadora e essencial na formação dos novos combatentes da Amazônia.