Você, rondoniense ou rondoniana, tem ideia de quantos indígenas ou quantas etnias fazem parte das raízes indígenas de Rondônia? Neste 19 de abril, data instituída pelo Decreto-Lei nº 5.540/1943 como o Dia dos Povos Indígenas, viemos contar um pouco da história que remete aos originários de Rondônia.
Como já foi descrito em reportagem do site News Rondônia neste ano, a verdadeira origem deste estado remonta a pouco mais de 10 mil anos, com nossos ancestrais que habitavam as margens do rio Madeira. Isso nos situa muito antes da chegada dos colonizadores, que vieram para essa parte do país com a intenção de construir a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM).

De acordo com dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rondônia abriga pouco mais de 21 mil indígenas, distribuídos em 44 etnias. O mais triste é que muitas dessas sociedades sofreram reduções drásticas devido a conflitos — a maioria durante a colonização. Outras continuam enfrentando perdas, agora por disputas territoriais, sendo oprimidas por invasores.
Segundo levantamento do Instituto Socioambiental, por meio da plataforma Povos Indígenas do Brasil, já foram identificadas 44 etnias no estado, representadas pelas seguintes organizações:
Aikanã, Akuntsu, Amondawa, Apurinã, Arikapú, Aruá, Cinta Larga, Djeoromitxí, Ikolen, Karo, Karipuna de Rondônia, Karitiana, Kassupá, Kanoê, Kaxarari, Kujubim, Kwazá, Makurap, Migueleno, Nambikwara, Oro Win, Puruborá, Sakurabiat, Suruí Paiter, Tupari, Uru-Eu-Wau-Wau, Wajuru, Oro Wari, Oro Não, Oro Eo, Oro At, Oro Mon, Oro Waram, Cao Oro Waje, Oro Waram Xijein, Cabixi, Zoró, Guarasugwe, Oro Jowin, Sabanê, Jabuti, Kampé, Salamãi e Massacá.
Estudos realizados por arqueólogos e estudantes da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) também apontam a existência de ancestralidades com mais de 10 mil anos. Essa história ainda está viva e serve para nos lembrar da valiosa presença indígena, que remete à existência de um Brasil não descoberto, mas redescoberto, já que antes dos europeus os povos originários já habitavam as terras que hoje compõem o país.
Hoje, quem faz a demarcação do território são os próprios indígenas, justamente para contar sua história e mostrar os trabalhos que vêm sendo realizados ao longo dos anos, para que sua existência não caia no esquecimento de um Brasil de memória curta — um país que precisou instituir um dia no calendário para lembrar do povo que carrega a verdadeira história desta terra.
Para o jornalista Emerson Barbosa, que há anos pauta seus escritos com o objetivo de difundir a voz e a vez dos povos originários, a luta indígena é existencial e infinita. Segundo ele, isso se deve ao fato de que o cenário brasileiro ainda apresenta grande insegurança quando o indígena reivindica as próprias terras e o direito à sua existência:
“Nossa ancestralidade carrega o gene local; nossa cultura é indígena, e não colonizadora e opressora. Não existe essa de que, em um lugar que cabe a todos – sim, cabe –, desde que a presença indígena não seja diminuída para afirmar que nossa existência cabe aos colonizadores.”
Já para a ativista indígena Txai Suruí, diante de tantos fatores que colocam em risco a existência da Amazônia, é preciso chamar todos à responsabilidade — empresas poluidoras e governos que desrespeitam as leis ambientais. Em entrevista ao lado de seu pai, o líder Suruí Almir Suruí, no programa Roda Viva, da TV Cultura, ela afirmou:
“É uma luta anticapitalista, porque esse sistema vem comendo a gente todos os dias e vem colocando a nossa floresta e a nossa vida como lucro acima de tudo. Eu acho que as empresas têm que participar desse diálogo, né? Porque são as que mais poluem. Têm que ser responsabilizadas e comprometidas com essa pauta.”