A Dinamarca reafirmou nesta sexta-feira (14) que a Groenlândia “não está aberta” à anexação, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter insistido na ideia de o território autônomo dinamarquês ser integrado aos Estados Unidos.
“A Groenlândia não está aberta à anexação, quer ao abrigo do acordo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da Carta das Nações Unidas ou do direito internacional”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, citado pela agência francesa AFP.
Trump disse ontem que a anexação da Groenlândia pelos Estados Unidos acabará por acontecer para promover a segurança internacional.
“Penso que vai acontecer. Precisamos dela [da Groenlândia] para a segurança internacional”, disse Trump na Casa Branca, ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que não reagiu.
Também em resposta a Trump, o primeiro-ministro interino da Groenlândia, cujo partido foi derrotado nas eleições legislativas na terça-feira (11), anunciou uma reunião dos líderes partidários “o mais rapidamente possível”.
“Desta vez, temos de endurecer a nossa rejeição a Trump. Não podemos continuar a ser desrespeitados”, afirmou Mute Egede nas redes sociais.
Os groelandeses levaram ao poder um partido de centro-direita, os Democratas, que é a favor de uma eventual independência da Dinamarca, mas não de uma ligação aos Estados Unidos.
“Não vejo qualquer indício nas eleições da Groenlândia de que as pessoas queiram deixar o reino para se tornarem americanas”, afirmou o chefe da diplomacia dinamarquesa.
O vencedor das eleições legislativas, Jens-Frederik Nielsen, provável futuro chefe do governo, descreveu os comentários de Trump como inapropriados.
“As declarações de Trump nos Estados Unidos são descabidas e mostram mais uma vez que devemos permanecer unidos nessas situações”, comentou nas redes sociais.
Trump disse pela primeira vez que queria comprar a Groenlândia em 2019, durante o primeiro mandato na Casa Branca (presidência), e voltou à carga desde que foi eleito em novembro de 2024.
A ilha ártica, com 2 milhões de quilômetros quadrados (80% dos quais cobertos de gelo) tem população de apenas 56 mil habitantes.
Os Estados Unidos mantêm uma base militar no norte da ilha, como parte de amplo acordo de defesa assinado em 1951 entre Copenhague e Washington.
Além da localização estratégica no Ártico, a Groenlândia tem minerais de terras raras presos sob o gelo, necessários para as telecomunicações, e milhões de barris de petróleo por explorar, segundo a agência norte-americana AP.