A cheia do rio Madeira poderá ficar igual ou pior do que a maior enchente enfrentada por Porto Velho, é o que mostra os dados levantados pela redação do JH Notícias na ANA (Agência Nacional de Águas).
O rio madeira registrou na madrugada nesta segunda(3) o nível de 11,92 metros. No dia anterior o nível da água estava em 11,19m, já acima cota segundo a ANA.
Em 24 horas o rio subiu 73 centímetros.
O rio madeira atualmente está 1,25m acima do nível no mesmo período de 2013, que desencadeou a grande enchente de 2014, que não deve ser um bom sinal.
No dia 3 de dezembro de 2013, o nível do rio atingiu incríveis 10,67m, a Defesa Civil e jornais já alertavam a preocupação de uma grande cheia. Bairros e comunidade de Porto Velho começavam a ser invadidas pelas águas.
Moradores dos bairros Nacional, Triângulo, Baixa da União, Balsa, Cai n’Água e imediações do complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, se mostram preocupados com a possibilidade da cheia do rio Madeira se transformar em uma nova enchente.
“No Natal de 2013 o rio já estava no meu quintal!” – afirma morador de família tradicional do bairro Triângulo em Porto Velho.
CHEIA DO RIO MADEIRA EM 2014
Praça do Porto do Cai N’água inundada pelo Rio Madeira. Foto: Eliete Marques/G1
Em 28 de dezembro de 2013, o prefeito de Porto Velho Mauro Nazif com aval da Procuradoria Geral do Município, decretava estado de alerta no rio Madeira, atingindo o nível de 14,12m e pede ajuda ao exército e governo do Estado por abrigos as pessoas atingidas.
Na época, a Defesa Civil fez um mapeamento e identificou 500 famílias ameaçadas pela enchente do rio Madeira.
“Se o nível do rio for elevado em mais 1,5 metro, haverá transbordamento”, afirmou o coordenador da Defesa Civil, coronel José Pimentel.
O meteorologista Luiz Alves, do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), afirmou que a previsão era de mais chuvas.
Historicamente o rio Madeira já passou por outras enchentes.
Segundo o CEPED (Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil), às últimas grandes enchente registrada no rio Madeira foram em:
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em 2014, o nível do rio atingiu 19,72 metros,
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em 1997, o nível do rio atingiu 17,52 metros,
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há outros relatos de enchentes devastadoras nos anos 1950 e 1986/87.
“Não podemos ser efeito colateral de progresso”! Esta afirmava na época o coordenador da Comissão de Ensino, Ciência e Tecnologia do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Rondônia (Crea-RO).
O engenheiro civil e de segurança do trabalho, Jorge Luiz, ao apresentou o relatório final de investigação técnica sobre a cheia histórica, que atingiu aproximadamente 3 mil pessoas, entre as populações urbana, rural e ribeirinha de Porto Velho.
Na última enchente, as famílias atingidas sofreram um longo período de enchente, o nível do rio começou a dar sinais de descer meados de Abril. Em maio, o rio desce e deixa as áreas ribeirinhas com se fossem um campo de guerra, totalmente destruídos.
DADOS DA ANA (Agência Nacional de Águas)
A Agência Nacional de Águas – ANA, disponibiliza dados de acompanhamento do nível de todos os rios e seus afluentes do Brasil. Excelente para quem quer acompanhar a cheia do rio Madeira.
A redação do JH Notícias realizou o levantamentos dos dados do nível do rio a partir de novembro 2013.
TABELA DE DADOS DAS ÚLTIMAS CHEIAS DO MADEIRA
Os dados da ANA mostra que o nível do rio Madeira hoje em comparação aos mesmos dias das últimas cheias, provando que poderá haver uma grande enchente em 2019.
“Os impactos das barragens do rio Madeira deveriam ter sido estudados melhor antes que a decisão fosse feita para construir Santo Antônio e Jirau. A decisão racional em qualquer projeto de infraestrutura exige que os impactos e benefícios sejam avaliados e comparados antes de tomada da decisão de fato.” – Philip M. Fearnside do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (INPA).
Philip Martin Fearnside é um biólogo e cientista norte-americano, fez várias recomendações para a não construção das usinas do madeira em um de seus artigos científicos.
Segundo Philip, pessoas indicadas para cargos chaves por razões políticas rejeitaram os pareceres da equipe técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que é responsável por avaliar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e para o licenciamento barragens. Licenças de Instalação foram concedidas sem satisfazer muitas das “condicionantes” que tinham sido estabelecidas como pré-requisitos.
Outras barragens estão sendo estudadas e financiadas para construção pelo Brasil no Peru, Bolívia, Equador e Guiana.