Enfático, decisivo e necessário. Foi nesse tom o discurso do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (24). Sem amenizar frases e palavras, Petro uniu-se ao discurso do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem reiteradamente chamado a atenção dos chefes de Estado para que respeitem as decisões votadas nos encontros, das quais dependerá a continuidade da vida no Planeta Terra.
Para o presidente colombiano, a situação do mundo ultrapassou a linha da urgência e a humanidade está a um passo da extinção. “Os sinos de alerta já tocaram por todo o planeta. Começou o fim. Existe uma razão para esse Armagedom contemporâneo? Sim, a irresponsabilidade dos governos que aplaudem o genocídio e não agem para mudar as economias rumo à descarbonização. Há uma lógica, e ela não está no mundo político, nem neste púlpito onde falam todos os presidentes. Está fora e se chama desigualdade social.”
Segundo Petro, a humanidade está sob o controle da barbárie. Como exemplo, ele citou a Faixa de Gaza e o Líbano. “Há um ano, pedi uma conferência de paz pela Palestina neste mesmo lugar, sem que a primeira bomba houvesse explodido. Hoje temos 20 mil meninos e meninas assassinados sob as bombas, enquanto isso, os presidentes dos países da destruição humana riem nestes salões, com a ajuda do poder de comunicação que é propriedade do grande capital. Eles reordenam o mundo sem democracia, sem liberdade. O projeto democrático da humanidade está morrendo junto com a vida, enquanto os racistas, os supremacistas, aqueles que acreditam estupidamente que os arianos são uma raça superior se preparam para dominar o mundo, infligindo o terror das bombas sobre os povos”, destacou.
Petro foi além, afirmando que o controle da humanidade por aqueles que querem dominar o planeta está em construção, e que Gaza e o Líbano são exemplos disso. “Quando morrer Gaza, morrerá a humanidade. O povo de Deus não era o povo de Israel. Não são os norte-americanos. O povo de Deus é toda a humanidade. As crianças de Gaza, isso era a humanidade. Esse é o povo escolhido de Deus”, explicou.
Gustavo Petro reiterou repetidamente o alerta sobre o colapso que a floresta amazônica vive atualmente. “A floresta amazônica está queimando e já perdeu 11 milhões de hectares em apenas um mês devido ao aquecimento global e à crise climática. Os cientistas disseram que, se queimassem a selva amazônica primária, chegaríamos ao ponto de não retorno climático, onde as decisões humanas para deter o colapso seriam inúteis. Pois bem, chegamos. A selva amazônica está queimando”.
Na abertura da Assembleia Geral da ONU, também discursaram os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e de El Salvador, Nayib Bukele. O brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva fez a abertura dos discursos, como ocorre todos os anos. Mas foi o discurso do presidente argentino, Javier Milei, que se tornou alvo de uma indireta do presidente colombiano.
Petro apropriou-se de discursos invocados por presidentes que narram uma versão de ditadura disfarçada de “democracia”. “Os políticos, incluindo os presidentes dos países mais poderosos da Terra, simplesmente desobedecem. Eles tocam os ‘sinos’, são os donos dos meios de comunicação. São eles que ocultam a verdade da ciência, como no filme ‘Não Olhe Para Cima’. Eles dizem o que acham que está sendo dito e o que deveria ser proibido e silenciado. No seu poder de proibição e censura, eles gritam ‘viva a porra da liberdade’. Mas é apenas a liberdade de 1% da população mundial”, finaliza.
Discurso na íntegra.