Com o período da estiagem demonstrando a força da natureza diante da destruição do bioma pelo homem, os moradores da Região Norte vêm sofrendo com as altas temperaturas e a vazante dos rios. Diante disso, a fumaça dos incêndios e das queimadas criminosas na floresta amazônica invade as cidades, fazendo o dia virar noite. Há quase um mês, o sol não aparece em diversas partes do país. Em Rondônia, a crosta de fumaça grudou na atmosfera, tão densa que durante a noite um nevoeiro se forma nas ruas da capital.

O problema reside nas “falhas” dos trabalhos de combate e controle dos incêndios pelos governadores. Sem apontar nomes, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva [PT], já chamou a situação de criminosa. Para Lula, são pessoas buscando sabotar o Estado brasileiro.

De volta ao Acre: em março, durante a enchente que arrasou cidades, o governo federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente [MMA], alertou os governadores sobre a forte estiagem que viria após as alagações. Naquele momento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou aos chefes do Executivo que antecipassem os decretos de emergência.

Mas o fim da estiagem já programa uma série de novos, mas antigos, acontecimentos em que a população pobre será a mais afetada. Após o período extremamente quente, as alagações entrarão em cena.
No Acre, o governador Gladson Cameli [Progressistas] antecipou o problema para âncoras de um programa local na Expoacre. O político do partido Progressistas pontuou o cenário das chuvas, que deverão cair em breve em seu estado. “Quanto maior a seca, maior será a propagação das alagações”, disse.

Segundo o titular do Executivo estadual, o estado estaria preparado, inclusive com R$ 40 milhões em caixa para investimento em infraestrutura. Dos 22 municípios, quase todos foram atingidos de alguma maneira na cheia deste ano. Na capital Rio Branco, 45 dos seus 110 bairros foram impactados. As enchentes dos anos anteriores provam o contrário do apelativo discurso apresentado por Cameli, em que, apesar dos efeitos catastróficos, nada tem mudado para acompanhar a evolução das crises climáticas.

Famílias que tiveram as casas prejudicadas nas cheias e enchentes anteriores retornaram para os mesmos lugares de onde terão que sair quando o principal rio do estado começar a subir, após uma grande chuva que inicia enchendo córregos e igarapés. Será mais um episódio de “enchentes”, um filme que não sai das bilheterias das salas a céu aberto do estado, pontuado pela promessa de “preservar” o meio ambiente.