Porto Velho, RONDÔNIA – Sem apoio e incentivo advindos do poder público e político brasileiros, a cada dia, se tem a triste notícia que o número de soldados da borracha e seringueiros vivos diminui em toda a Amazônia Ocidental Brasileira.
Dados do Sindicato da categoria, em Rondônia, atestam que, “o número de mortes por doença ou acidentes dentro de casa é muito grande”. A maioria é vítima de quedas bruscas em banheiro, nas calçadas descalças da cidade, ou perde a ida em acidentes de trânsito fora de casa, diz o presidente José Romão Grande, 96 anos.
Segundo ele, “extrato emitido pelas agências do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), 3.495 soldados da borracha recebem pensões no País”. Desse total, 354 no Estado de Rondônia. Além de dependentes que somariam 6.241 nos grupos contemplados pela Previdência no País.
No caso específico de Rondônia, o número de pensionistas atinge à casa de 1.006 cujo valor da pensão é de R$ 1.908,00 acrescidos de um número não revelado de indenizações pagas em virtude de direitos repassados pelos beneficiários após o falecimento. Porém, com a consulta feita, em Brasília, pelo Vice-Presidente do SINDSBOR, George Telles (Carioca), no Brasil o total das indenizações chega a 5.031 no Brasil. Em Rondônia, apenas 1.021 recebem o benefício.
Enquanto isso, por não terem sido reconhecidos como combatentes da Segunda Guerra Mundial (1939-45), os soldados da borracha e seringueiros enquadrados nas planilhas da Previdência como tal, “apernas receberam indenizações e pensões abaixo do que percebem os Pracinhas do Rio de Janeiro e São Paulo, que somam até seis salários”.
De acordo com Carioca, o Ministério da Guerra na era Getúlio Vargas, responsável pela convocação, recrutamento e o envio de nordestinos para explorar seringais da Amazônia em troca de emprego, renda e indenizações após o fim da guerra.
Ele diz ainda que, “ao final do Grande Conflito, passados mais de 70 anos, o que esses heróis da Pátria do Nordeste e da Amazônia ganham é, praticamente, nada que justifique tanta exploração ao assistirem até alfaiates militares terem sido melhores contemplados com soldos milionários para os padrões da época”.
No contraponto, o dirigente do SINDSBOR revelou, contudo, que, “na verdade, os ex-combatentes recebem salários acima de R$ 11.200 mil, em média”.
– Isso se transformou em negócio lucrativo, enquanto aos soldados da borracha e seringueiros da Amazônia, mesmo tendo sido vítimas da guerra, no passado, o governo não abriu mão de igualar os salários nos dois casos, afirmou José Romão Grande.
DIREITOS NEGADOS – Convocados, recrutados e treinados por ordem de Getúlio Vargas, o Ministério da Guerra, assumira, à época, a responsabilidade, em nome do Estado Brasileiro, pela segurança, saúde e o emprego dos soldados da borracha. Nos dois casos, as leis só repararam erros do passado aos militares e não abriram nenhuma possibilidade para a concessão de benefícios aos soldados da borracha.
Historicamente, apesar das ações impetradas nos tribunais nos Estados e em Brasília, que buscam a equiparação salarial e à validade de direitos a atendimento de saúde e internação em hospitais das Forças Armadas (em Porto Velho é o Hospital daGuarnição), os soldados da borracha e seus dependentes, continuam impedidos de obter esses serviços.