No Governo, a exposição pelos crimes ligados a corrupção revelados na Operação Ptolomeu (I, II e III), virou praticamente uma série televisionada. O inquérito com todo o rito da investigação pela Polícia Federal (PF), Controladoria Geral da União (CGU) e Controladoria Geral da República (CGR) tem esperado um aceno de, Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça. Por ora, cabe a ministra dar continuidade ou não a história de amor frugal roteirizada na política do Acre. No papel principal está o governador, Gladson Cameli (PP).

Ainda diante das acusações, o chefe do Executivo, não perde o prestígio entre os eleitores. Ao ser questionado sobre como os acreanos reagiam aos escândalos envolvendo o governador, um morador de Cruzeiro do Sul declarou “muitos continuam gostando dele e que não enxergava grande abalo em sua vida política”.

No estado vizinho a Rondônia, o engenheiro de 45 anos é a própria celebridade. É querido pela maioria dos acreanos e sabe como conquistá-los. Aproveitando do clichê “Aconteceu, Virou Manchete”, Gladson não desperdiça a chance de faturar os holofotes na mídia e o coração dos eleitores.

Nas redes sociais, o ‘bon-vivant’ tem um público cativo que o persegue, justamente pela maneira extrovertida de lidar com as circunstâncias. Nos dias de encontro dos velhinhos, Gladson desce do seu gabinete, no Palácio Rio Branco, região central para dançar com todos. Do que ocorre por lá, as cenas ‘viralizam’ na internet aumentando o número de seguidores. Os ‘memes’ dele são os mais compartilhados nas conversas por telefone, entre os locais.
Enquanto uns reprovam suas atitudes, Gladson, usa a própria maneira de ser para fazer a política dele, do ‘jeitinho dele’. E tem sido por esse modo que a carreira desponta na política, sendo inclusive apontado como um bom estrategista. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Cameli fez tudo para estar abraçado com bolsonaristas. Fez, mas nem por isso seguiu as ‘ideias’ terroristas de Bolsonaro.
Suas decisões ajudaram o Acre no pior momento da pandemia da Covid-19. Nos hospitais e nas ruas, diariamente se solidarizava com as vítimas e familiares delas. Mas o governo Bolsonaro chegou ao fim de forma trágica como foram os quatro anos. Gladson venceu com facilidade a reeleição. Mesmo estando entre o “joio e o trigo”, o marqueteiro usa toda a expertise para contra-atacar. Afinal, o alvo agora é o colo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em Mâncio Lima, Cameli agradeceu o investimento do governo federal para os agricultores daquela região. Neste momento, ele pontuou ao lado da petista Perpétua Almeida, a gestão de sucesso do presidente da República. Além disso, brincou afirmando que a barba que tem deixado crescer seria uma homenagem ao petista.
“A barba, vocês sabem, é pelo Lula, homenagem a ele. E não é porque estou aqui na frente da Perpétua e outras pessoas do governo federal, não. Eu fui o primeiro governador a parabenizar o presidente eleito”.
A política na vida de Gladson Cameli vem de família. O tio, o empresário Orlei Cameli foi prefeito de Cruzeiro do Sul e governador do Acre entre os anos de (1995 e 1999). Ele também já foi senador e deputado federal. Mas fica a pergunta. Até quando todo esse carisma vai resistir, tendo em vista que a lista de processos para se defender na justiça é extensa.
