Na estesia do brioso lar, num quintal ornado de flores, na florescência exuberante da justiça, numa comunhão suntuosa e sem mácula, e num abrigo complacente e benévolo, sempre há uma família inefável e vivificante no aconchego inenarrável da casa.
Na obstinação pujante da família, na magnitude desmesurada da sobrevivência, na incansável luta pelo pão, no causticante mundo do trabalho, na balbúrdia das relações sociais e na execução pública do direito de morar, há sempre uma esperança transcendental para a libertação ontológica dos oprimidos.
No cativeiro afrontoso da liberdade, na abdicação do direito de amar, na extirpação do direito a fala, na execração dos renegados da terra, no alijamento das nações periféricas, no engodo enrijecido dos países hegemônicos, no escárnio esdrúxulo do ódio e na desterritorialização exacerbada do lugar, há sempre uma semente de alteridade germinando e anunciando o surgimento de uma nova vida.
Na barbárie das páginas deploráveis dos regimes neofascistas, no imbróglio xenófobo da miséria diplomática internacional, no apogeu e decadência dos Estados contemporâneos, na escabrosidade da indústria da fome, na civilização dos filhos da guerra, e no infortúnio da derrocada humana, há sempre um luzeiro proclamando o advento triunfante da paz.
Na segregação socioespacial da humanidade, na abominação truculenta da morte em vida, na absurdez bestializada do ato de matar, no despotismo desvairado de líderes mundiais, no cortejo fúnebre de entes queridos, no faccioso olhar da hecatombe dos inocentes e na hediondez repugnante dos delinquentes, há sempre uma voz de empoderamento e resistência, lutando pela vida e reivindicando uma casa para morar, apenas uma casa.