Quem acompanha a (Conferência das Partes), ou simplesmente COP, que este ano alcança a sua 28ª edição, tem assistido a uma enxurrada de cobranças aos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Na pauta das exigências pelas entidades estão as ações práticas em torno de salvaguardar o meio ambiente.
Em meio a reuniões com líderes globais, tem quem afirme a criação de um mundo paralelo em torno do evento. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em seus discursos, evidenciou que a COP não estaria correspondendo ao projeto de criação. Ele brincou ao dizer que o evento necessitaria de uma conferência a parte, uma “COP Plus” para responder aos anseios dos grupos minoritários.
No evento da segunda, 04/12, houve cobranças por diversos grupos. Thiago Guarany, representante do povo Guarany, no Pico do Jaraguá, colocou contra a parede representantes da mineradora Vale, responsável pelo desabamento da barragem de Brumadinho, Minas Gerais.
“Vocês falam de transição energética, falam de preservação do planeta, mas são vocês que colocam a vida em extinção. São vocês que ameaçam os nossos territórios não dando oportunidade de ouvir as pessoas que estão aqui”, declara.
De Rondônia, o grande líder indígena, Almir Suruí, da etnia Paiter-Suruí e sua filha, a também ativista e ambientalista, Txai Suruí, levantaram a bandeira do direito de os povos originários ter poder de fala na COP, sem a interferência de terceiros.
“Temos que ser corajosos. Queremos de fato sermos os líderes na COP, no meio ambiente, ao falar de mudanças climáticas. Para isso, temos que ter coragem”, disse.
Txai, também lamentou que o mundo crie uma mentalidade acerca do evento com a preservação ambiental, mas na prática defenda meios que abraçam a poluição. “Se reúnem com a sociedade civil, falam que querem outra perspectiva, mas em seguida dizem que não vão mudar a matriz energética, que vão continuar explorando o petróleo”, lamenta.
No encontro, Almir Suruí defendeu os “Fundos Climáticos e o apoio aos projetos de carbono com aporte direto as comunidades e a necessidade de regulamentação por parte do Governo”.
As falas de Txai e de Almir parecem ter pedido bençãos aos céus. O presidente Lula, alçou a ministra Sônia Guajajara como chefe da delegação do Brasil, na COP-30, que acontecerá em 2024 em Belém, Pará. A ambientalista Ivaneide Cardozo, da Kanindé, enxerga a escolha como “um avanço no reconhecimento dos povos como sujeitos de direito”, comemora.