A necessidade de o governo brasileiro voltar os olhos para a Amazônia brasileira, hoje não reflete somente na questão ambiental. Décadas de extremo abandono e de uma política pública ineficaz, oportunizaram o avanço do crime organizado.
A defesa da integridade da Região Norte, já não cabe apenas as árvores. As facções se deslocaram do eixo Sudeste e se instalaram com força em cada um dos sete estados. Aqui, elas observaram as oportunidades e passaram a compartilhar o crime com narcotraficantes de outros países.

Na investida, os chefões do tráfico, escrevem próprias regras, dando um verdadeiro ‘baile’ nos três poderes constituídos. A casa de 17 milhões de brasileiros, a Região Norte, flerta com a desigualdade, dentro daquilo que é visto pelos outros países como a riqueza da humanidade. Riqueza e pobreza delineiam a história nesta parte do país, diante de um “complexo social que ultrapassa os extremos”.
Reportagem divulgada esta semana, pela “Brasil Repórter”, traz com exclusividade, a existência de uma Organização Criminosa (Orcrim) que mantém tentáculos “com traficantes de drogas, garimpeiros e policiais”.Hyury Potter, assina o trabalho.
Com base em investigações da Polícia Federal (PF) nos últimos anos, o jornalista expõe o poder dos “Narcogarimpos”, união de traficantes e empresários do ouro neste extremo do Brasil.
Na segunda-feira, (19), Hyury foi um dos convidados de uma palestra promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Bolsista da Pulitzer Center, o jovem abordou a temática acerca do material investigado, que lhe conferiu três grandes reportagens.
“Tráfico e garimpo ilegal compartilham aviões e pilotos para lavar dinheiro na Amazônia”, Potter, fala da rota da cocaína que entra no Brasil embarcada da Bolívia. Com droga, os aviões sobrevoam praticamente todo o estado de Rondônia. “As rotas aéreas na Amazônia são um dos principais elos entre o tráfico de drogas e o garimpo ilegal. São cerca de 1.300 pistas clandestinas. A região é terreno fértil para diferentes organizações criminosas”, explica.
Em Rondônia, aviões de pequeno porte, estariam cruzando os céus do estado. Na região, param com frequência em Itaporanga, distrito de Pimenta Bueno. Na rota, as aeronaves com elo sempre no Pará riscam os céus do Amazonas, Rondônia e o Maranhão. Na Bolívia, seguem o trecho Iténez, Magdalena e Baures.
No país andino, os locais são conhecidos por abrigar laboratórios de cocaína e ter acesso fácil com o Brasil pelos municípios rondonienses. “A quantidade de cocaína apreendida pela Polícia Federal nos nove estados que compõem a Amazonia Legal no ano passado, chegou a 32 toneladas. Isso representa três vezes as apreensões. Além disso, com a vista grossa do governo Bolsonaro uma nova corrida do ouro se instalou na região. Em cinco anos, as exportações de ouro na região praticamente dobraram passando de 11,6 para 22 toneladas”.
A série de três reportagens pode ser conferida neste endereço. https://narcogarimpos.reporterbrasil.org.br/pt/