O ano era 1932 quando um contigentes de nordestinos embarcaram no pau de araras e seguiram viagens para a região Amazônica para trabalharem no corte do látex. Outros grupos seguiram via Maranhão/ Pará e na sequência Manaus.
Fugindo da seca que assolava o nordeste, seu pai aceitou o convite e veio para a floresta Amazônica cortar o látex, o ouro branco tanto cobiçado. Ao nascer no seringal, Luiz aprendeu desde cedo com o pai o ofício da profissão, tirar leite de pau. Mas, não era qualquer pau, era a seringueira, a tão cobiçada árvore da esperança.
Luiz pegava cedo no batente, trabalhava de ombro a ombro com seu pai. Ao alcançar a maioridade, resolveu deixar à família e se aventurar no mundo. Foi de tudo um pouco, provou o gosto amargo do suor do seu rosto. Foi minerador, cozinheiro, mateiro, ajudante de pedreiro, estivador a cortador de dormentes para a lendária Estrada de Ferro Madeira Mamoré em Porto Velho.
Luiz se lançou ao mundo desde cedo porque tinha a missão de mandar dinheiro para ajudar seus pais na criação de seus irmãos mais novos. Em 1959, aceitou o trabalho para cortar dormentes. Passavam 15 dias embrenhados na floresta, derrubando e faceando os dormentes. A região onde retiravam as árvores para fazerem os dormentes, lapidados no corte do Machado, era o Jatuarana. De lá vinham empilhados em embarcações até chegar ao pátio da EFMM.
Ao cortar a árvores e lapidar o dormente que media 2 metros de comprimento, 20 de altura por 20 de largura. Após a confecção, teria que ser carregado até a embarcação. Um dormente era carregado por 2 homens. Mais quando os colegas não conseguiam, LUIZ deixava escrito com carvão na madeira: “DEIXA COMIGO”.
Por ser jovem, Luiz tinha uma força escomunal que substituía de 2 a 3 homens. Foi nesse período que que conheceu o amor de sua vida e com ela teve 6 filhos, vivendo por 55 anos de união.
O nosso personagem completou nesse dia 21 de junho, 86 anos de existência, parte dele revelando a sua Memória de sua trajetória como estivador da beira do caí n’água. LUIZ, o nosso personagem que venceu na vida, ensinou seus filhos o verdadeiro valor do trabalho, da honestidade e da vida. Deu a cada um o direito de obter o conhecimento, proporcionou condições que estava ao seu alcance. Luiz deixa como legado, uma vida dedicada ao esforço contínuo, a perseverança, a insistência e a persistência. Provou que tudo é possível quando se corre atrás.
O nosso personagem LUIZ é meu pai. A pessoa que tenho orgulho e o qual me ensinou a vencer na vida. “Lampadinha” era como carinhosamente me chamava. “Loirinho” era como amorosamente me tratava.
Pai, tenho orgulho de você e de toda a sua história como homem, pai, marido e como nosso amigo. Que Deus pai celestial te conceda a plenitude da sabedoria, da vida e da eternidade.
Te amo meu pai.