Realidade, HUMAITÁ (AM) – Pelo menos 61% dos casos de malária e outras doenças tropicais já notificadas, nesta parte do Estado, seriam contraídas em garimpos e frentes de serviço contratada no lado rondoniense.
A informação partiu de uma dupla de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), nesta sexta-feira (17), em trânsito à cidade de Porto Velho, a 200 quilômetros de Humaitá, esta situada ao Sul deste Estado amazônico.
Segundo disseram, “a estiagem nesse período contribui e só aumenta o número de infectados por malária, Dengue e outras endemias”.
Principalmente, onde garimpeiros, madeireiros e pecuaristas atuam quase sempre distantes dos centros de atenção à saúde, vez que “o controle nem sempre é possível”, completa.
No Distrito de Realidade, migrantes vindos dos estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e do sul do país, “são presas fáceis para os mosquitos”, sublinham as fontes. Com a derrubada da mata virgem, o agronegócio pecuário e da indústria madeireira, “a malária e a dengue dominam o cotidiano nos locais de extração e plantio”, acrescentam agentes de endemias locais.
Historicamente, o mosquito transmissor da malária se reproduz com rapidez nos locais onde não há água tratada nem proteção adequada nas áreas descampadas. À beira dos rios, córregos e igarapés, garimpeiros emergem nas áreas de sequeiro e aluviões, tornando-se presas fáceis para mosquitos da malária, Dengue e Chikungunya.
Além do Distrito de Realidade, regiões garimpeiras ao longo da Bacia do Rio Madeira, além de Humaitá, passando pelas áreas de lavras nos municípios de Manicoré (Km 180, em São Antônio do Matupi), Novo Aripuanã, Borba e Nova Olinda (nesta, a PF estourou em 2017 o garimpo Rosa de Maio), ainda na mesorregião do Madeira, “o número de casos de malária só aumenta nesse período”, advertiram as fontes.
É nos barrancos e aluviões onde garimpeiros usam na extração o sistema de bico-jato (idêntico ao lava-jato) que mais são registrados casos de malária e Dengue. Os mosquitos se alimentam nesses locais dessas pessoas que, quase sempre, “não ligam muito para o tratamento preventivo”.
– Só se cuidam quando não tem mais jeito e, geralmente, só acorrem à cidade quando o estado de saúde já é complicado, explicam ACS distritais acreditados nas comunidades do entorno do Rio Ipixuna, a quilômetros da sede do quartel general do 54º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva)
Em outra situação, o registro de endemias, nesta parte do Sul do Estado, é atribuído à entrada de migrantes e aventureiros que adentram com maquinários e equipamentos pesados às regiões de lavra garimpeira dentro dos grotões da Amazônia sem muito trabalho ou repressão por parte das autoridades sanitárias e alfandegárias.
A entrada dessas pessoas não é controlada pelas autoridades da migração ou imigração interna. O Amazonas, na tríplice fronteira (Brasil, Peru e Colômbia), “é a bola da vez, por sua condição de território continental”.
Com relação ao Sul do Amazonas, além da exploração ilegal de madeira, infiltração de gado pirata em áreas de reservas (Resex Cuniã e Campos Amazônicos), a lavra garimpeira lidera em número de pessoas infectadas pelo mosquito da malaria, Dengue e Chikungunya. Contudo, números oficiais não são divulgados pelas autoridades sanitárias face Canutama, Lábrea e Humaitá não terem um sistema de combate infra-estruturado, arremataram agentes de saúde, em trânsito à cidade de Porto Velho.