Por Emerson Barbosa
O segundo mandato do governador do Acre, Gladson Cameli (Progressistas) tem tudo para se transformar em um ‘inferno astral’. O destrinchar das investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) trouxeram novas evidências que ligam o chefe do Executivo estadual com um esquema de [corrupção e lavagem de dinheiro e de crimes contra à administração pública].
As denúncias, acerca dos crimes obtidos pelos órgãos investigativos, estão documentadas nos inquéritos que tramitam no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Dados são atribuídos da 1ª,2ª e 3ª fase da Operação denominada ‘Ptolomeu’ que eclodiu em dezembro de 2021. Apenas um dos inquéritos somam mais de 700 páginas. De tão extenso, os crimes foram divididos cada qual em sua categoria.
O núcleo da organização criminosa, segundo a PF concentra em quatro sustentáculos: político, familiar, empresarial e nos operadores. Com os trabalhos operativos e aprofundados na fase I, da Operação Ptolomeu, a teoria passou a ter profundidade documental. Em um dos processos, a PF descreve que “ashipóteses criminais traçadas na primeira fase da investigação que se encontram esclarecidas e relatadas”.
Noque se referem a supostos delitos de lavagem de capitais, os investigadores concluíram. “Tais hipóteses foram subdivididas em “Operações com veículos”; “Operações bancárias”; “Operações Imobiliárias”, “Doações em Espécie”, “Operações com aeronaves” e “Operações com uso de Pessoas Jurídicas interpostas”.
Em todas as fases das operações, o governador acreano é apontado pela PF e o Ministério Público Federal como uma espécie de ‘cacique’ da organização criminosa, o líder da OCRIM. Mensagens dele feitas via ‘Whatzapp’ para outras pessoas, estão expostas nos inquéritos que tramitam no Superior Tribunal de Justiça.
A devassa divulga ainda que os envolvidos mantinham vínculo de proximidade com o ‘chefe do Executivo’. “Ele seria o beneficiário central das lavagens indevidas auferidas com as práticas delitivas ‘possivelmente’ praticadas pela organização”, menciona o processo, que também detalha que “o dinheiro desviado pode superar R$ 16.357.181,80.
A apuração dos órgãos descreve que empresas de fachada foram criadas para “instrumentalizar a lavagem de capital por parte da suposta organização criminosa”. Uma dessas empresas, diz o processo, “recebeu expressiva quantia no primeiro mandato do Gladson Cameli”. A ligação do chefe do Executivo no quadro social da menciona empresa que tinha o irmão (G. C.) como dono, intrigou os investigadores. A PF declara que ambos foram ouvidos, mas disseram na época “não ter conhecimento sobre a remessa de dinheiro”.
Um dos motivos do governador do Acre passar a ser alvo de investigação estaria, segundo uma reportagem do site AC 24 Horas, no aumento dos seus bens pessoais. Desde 2018, data do seu primeiro ano de mandato como chefe do Executivo “seu patrimônio só com a frota veicular cresceu 1.400%”, expõe o inquérito.
Aos métodos usados pela suposta organização criminosa dentro do governo do Acre, as instituições concluem. “Considerando a grande soma de valores envolvidos, revelou-se indispensável, segundo a Polícia Federal e o MPF, que a suposta organização tenha levado a termo a prática de crimes de lavagem de capitais, com o fim de dissimular e ocultar a natureza das verbas provenientes das infrações penais antecedentes, tudo com o objetivo de conferir aparência de licitude aos recursos desviados dos cofres públicos”.
A PF acrescenta ao inquérito o desvio de recurso oriundo da decoração natalina, realizada em 2020 pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional (Sedur) e a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) em Cruzeiro do Sul. O dinheiro teria sido usado para o pagamento de parcelas de um veículo modelo [BMW X4] que seria de propriedade da primeira-dama.
Na época, assessoria do governo do Estado do Acre informou que a operação se tratava da continuidade dos procedimentos policiais anteriores. E que o governo do Estado, sempre vinha atuando com transparência e retidão se colocando à disposição das autoridades.