SÁBADO, 17/05/2025

Indígena Suruí é a 1ª barista do Brasil

Seu nome é Celeste Paytxayeb Suruí

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Indígena Suruí é a 1ª barista do Brasil - News Rondônia

Por Emerson Barbosa

Ela nasceu em Cacoal, região central de Rondônia no meio do povo Paiter Suruí e agora se prepara para ganhar o mundo como a primeira mulher especialista não só na degustação, mas também na produção e preparo do café. Seu nome é Celeste Paytxayeb Suruí.

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Distante do stress e dos grandes centros financeiros, Celeste Paytxayeb Suruí, do povo Paiter Suruí de Rondônia, vem escrevendo seu roteiro sem que ela careça estar longe das suas origens. Pelo contrário, a história por trás do seu povo é o que a faz despontar imersa em um dos cenários indígenas mais resistentes a ação de pessoas contrárias à floresta de pé.

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“É uma história triste, pois marca um momento de genocídio, assassinato em que um povo lutou para sobreviver para que eu e essas pessoas que são suruís pudessem estar aqui. Nosso contato oficial com os ‘brancos’ é datado por volta de 1969 causando uma redução drástica da população de 5 mil para 250 indígenas”, explica.

Na Aldeia Lapetania, localizada na Terra Indígena Sete de Setembro em Cacoal, o plantio de café da espécie robusta (Conillon) pelos Paiter Suruí, é uma prática desenvolvida há mais de 30 anos.

O cultivo da planta é um dos poucos feitos bons deixados pelos não indígenas que foram expulsos do território após a demarcação pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em 1983.

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Até chegar a um café hoje considerado como de excelência e premiado nacionalmente, o café plantado pelos suruís passou por algumas etapas. Em 2018 foi escolhido pelo Grupo 3 Corações para um projeto inédito que colocaria o produto na vanguarda com o Projeto Tribos. A empresa explica que “o Projeto foi idealizado pela 3corações em conjunto com importantes parceiros: Funai, Embrapa-RO, Câmara Setorial do Café, Emater-RO, Secretarias de Agricultura de Cacoal e Alta Floresta, além das cooperativas indígenas Garah Itxá, Coopaiter, Doá Txatô e Coopsur. Criado com o objetivo de promover desenvolvimento sustentável, a iniciativa é fortemente embasada em três pilares indissociáveis e interdependentes: protagonismo do indígena, proteção da floresta e produção de café de alta qualidade”.

Diante do cenário cafeeiro, @Celesty.surui era apresentada para aquilo que seria o seu futuro profissional, o café nosso de todos os dias e dele a criação de ideias inovadoras na hora de servi-lo.  Tudo começou em 2021 quando ela foi convidada para participar de um curso de barista promovido pela @CoffeaTrips, em parceria com a @Kanindebrazil (Associação Etnomabiental) ocorrido aqui mesmo em Rondônia.

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Orgulhosa do pioneirismo, Celeste, revela que no início, a profissão era algo que não passava por sua cabeça. Por trás, estava o preconceito perpetuado sobre o homem e a mulher indígena. “Nós indígenas ainda sofremos preconceitos na visão de muitas pessoas, de que o indígena não trabalha que ele é preguiçoso”, lamenta.

Dos grãos, a jovem ‘Paytxayeb’, nome dado pela avó que significa ‘está conosco’ abraçou a oportunidade a muito mais que os 96ºC. No início, segundo ela teve um pouco de tensão por conta das críticas que poderiam surgir ao fato de ser mulher e indígena. Mas nada disso aconteceu, pelo contrário, hoje, dois anos após ter participado da especialização, Celeste colhe os louros, ou seria os lucros do pioneirismo da mulher indígena?

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Ao mesmo tempo que prepara um bom café na Aldeia Lapetania, Celeste apresenta a melhor companhia diante da bebida, a conversa, no caso dela, a história verídica do seu povo, os suruís de Rondônia praticamente dizimados após o contato com os não indígenas.

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De acordo com o blog Nova Safra Food Service, a palavra barista vem de origem italiana. Trata-se de um especialista seja ele homem ou mulher, dedicado (a) no preparo de qualquer tipo de bebida a base do café. Além disso, a esse expert, as grandes empresas exigem que se submetam a reciclagem continuamente, o que inclui saber manusear equipamentos que serão usados no preparo das bebidas. Um dos princípios da profissão é ter em mente toda a cartilha que rege o símbolo do café, da safra a colheita. É justamente o ponto que já vem sendo estudado pela jovem indígena que pretende construir uma cafeteria aproveitando o potencial do complexo de Etnoturismo Yabnaby Paiter Suruí, na Aldeia Lapetania.

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Do crescimento de cada árvore do cafeeiro passando pelos grãos até chegar à mesa do consumidor e, de lá ao requintado paladar dos apreciadores. Porque se tem uma coisa que o brasileiro é especialista e não abre mão é de tomar um bom café. Mas qual segredo existiria na preparação da bebida, ainda mais para quem é acostumado (a) com o tradicional cafezinho coado diretamente no coador de pano? Tem diferença, sim. É nesse cenário que surge a presença de Celeste Suruí, que na sua função de barista, a primeira indígena rondoniense e do seu país tem a palavra final.

“A história de uma semente, de um grão que foi plantado por não indígenas e que hoje tornou-se importante para a nossa sobrevivência, afinal, o café sempre foi destaque na mesa e no paladar das pessoas a centenas de anos”, finaliza.

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