Por Gleyciane Prata
Começo a coluna já com o som ligado ao ritmo de ‘dutch house’. E você, conhece esse novo estilo?
Quando falamos para alguém sobre ‘Dutch House’, provavelmente a maioria das pessoas não irá saber do que se trata, mas se falarmos sobre o ‘’Noiadance ou leskerray’’, a história muda. O ritmo pouco a pouco vem crescendo entre os Porto-velhenses. Nas festas, principalmente no interior do estado o ‘hino’ musical já é bastante solicitado. Pode até ser uma festa de forró, mas ao final sempre terá alguém que vai pedir para tocar o noiadance.
O estilo musical que já está na boca do porto-velhense, invadiu outras cidades do Brasil e já pode ser ouvido até no exterior. Há uma geração que anda inovando, recriando, resgatando sons com maior criatividade, usando as redes sociais para ‘viralizar’ fazendo que todos conheçam um pouco mais do que se fabrica musicalmente em Rondônia. Isso, consequentemente fará com que nós artistas e nosso elo cultural sejam conhecidos fora da divisa.
E por falar em cultura, estamos no mês do carnaval, mas isso não impede a apreciação desse estilo. Há lugares que tocam as marchinhas tradicionais carnavalescas. E também aqueles que buscam agregar com o axé, funk e claro, o noiadance, dentro do ritmo tentam tocar sucessos atualizados assim como as músicas que deixaram as paradas de sucesso, mas que são lembradas pelos amantes musicais.
A partir do resgate dessas músicas, existe a aprovação dentro do estilo musical pelo público. O Rondoniense vai se achegando com seu por exemplo Leskerray, que é um dos sucessos juntamente com [o bumbum tam-tam], entre misturas musicais, cantores e o show vai acontecendo.
Depois dessa básica explanação sobre o ‘noiadance’, nada melhor do que conversar com alguém que faz o ritmo estourar. Destaco o Dj e administrador Yuri que representa o Canal remix, composto por um grupo de 10 Dj. O artista vai explicar melhor como é a interação e/ou apresentação com o público.
Qual o nome real do Ritmo? E qual motivo de usar o termo Noiadance?
Yuri: Nome real é Dutch house. O nome é devido as músicas que eram produzidas em casa, assim como a gente continua fazendo hoje, não fazemos em grandes estúdios como imaginam. E o termo foi nomeado pelo próprio público, apesar de que alguns djs ainda preferirem chamar pelo nome original, mas como o público foi nomeando dessa forma aí a gente abraçou essa causa. Atualmente ainda há pessoas achando que soa pejorativo, mas a maioria tem um grande carinho pelo som.
Em que ano o Canal Remix foi criado, quem criou e como foi formado?
Yuri: O Canal foi criado em 2011, por um grande fã do Noiadance chamado Carlos Eduardo. Ele postava no Youtube as músicas que os produtores faziam. Em Novembro de 2020 os produtores se juntaram e assim surgiu a equipe do Canal Remix, que atualmente tem 10 integrantes.
Onde tocam?
Yuri: Atualmente os djs não tem local fixo para tocar em final de semana, casas noturnas, mas vários deles já tocaram em festas renomadas de grandes grupos, ibiza produções, euforia produções, são eventos no decorrer do ano. Tocamos não só em porto velho, mas também em Lábrea, Humaitá, Mato Grosso, Manaus, Graças a Deus os meninos estão cativando o público dessas cidades que eles vão tocando e está dando super certo.
Em que ano e como surgiu o Dutch House?
Yuri: Surgiu em 2010, vamos dizer que é primo do verdadeiro Dutch House que veio da Alemanha, e foi através de um produtor chamado Ivan Serano que foi acontecendo, ele foi o pioneiro em conhecer e adaptou para esse estilo que a gente produz hoje que é o dutch.
Quais os melhores e os piores anos com a apresentação do estilo?
Yuri: Em 2011 e 2012, foi ganhando o prestígio do público de Porto Velho e sua ascensão foi em 2012/ 2013, mas foi perdendo força ao longo dos anos até 2020. Em 2020 veio renascendo através do canal remix onde todos os produtores se juntaram em prol de reviver o ritmo.
Qual o motivo da valorização desse estilo para vocês do canal? e sobre apoios, qual a busca de vocês?
Yuri: É um estilo muito bacana de se ouvir e gente acredita muito. Ninguém reclamou até hoje. E sobre apoios, esperamos muito que seja valorizado não só pelo público, mas também pelos nossos governantes, pois não só na questão do dutch mas em outras vertentes culturais o estado peca em nos fornecer.
A gente carece muito de cultura não só em Porto Velho mas também em todo o estado de Rondônia, então seria muito bacana o estado ter um olhar de mais ações e incentivar espalhar o ritmo para todo o Brasil.
Futuramente, o que você espera do ritmo musical?
Yuri: A nossa intenção é fazer o dutch chegar aos quatro cantos do Brasil. Atualmente já estamos projetando em fazer 3 eventos esse ano para crescer através do nosso canal do Youtube e no Instagram. Nós temos objetivos de crescimento todo ano. Temos metas a bater, temos objetivos a cumprir, essa é a nossa motivação.
Se as pessoas quiserem ouvir as músicas, como elas podem encontrar nas redes sociais?
Yuri: Está disponível nas seguintes redes: YouTube, Instagram, Spotify, Amazon music.
Caso acesse no google, o Canal remix já aparece todo o estilo mastigado para as pessoas ouvirem. Tem cd, música individual e também o famoso sigles.
Em todos os lugares aceitam esse ritmo?
Yuri: Ainda sofremos um certo tipo discriminação só que comparado como antigamente é pouco, pois como estilo ele tá sendo mais comercializado em todas as classes sociais, seja nas periferias, nos pequenos bairros, nos bairros de pessoas de classe média alta, envolve todos os grupos sociais então a discriminação por conta disso vem diminuindo bastante, graças a Deus!
Há referências de artistas no qual se inspiram ou buscam se desenvolver sozinhos?
Yuri: Nos inspiramos nas pegadas antigas como: Yvan Serano, Mastiksoul, John Diaz, ASH, Blasterjaxx, vários djs que muitos pararam mas continuam sendo fonte.
Tem algum artista nacional que já toca esse estilo de música?
Yuri: Artista que toque não tem, mas há muitos fãs que tocam e levam o para os lugares que vão. Por exemplo, se a pessoa viaja para Fortaleza ela leva para lá e nos mostra com vídeos, toca também na Colômbia, Portugal, Espanha, Canadá, Estados Unidos, etc.
E os artistas em nível nacional que já ouviram dizem que é diferente, é bom, porém desconhecido ainda.
Qual o noiadance com maior número de visualizações?
Yuri: Atualmente o Noidance com maior visualização no youtube hoje é a minha versão da bumbum tam-tam, feita em 2017, com 30 milhões de visualizações, os comentários 80% são de pessoas do exterior.
Yuri: Arrecadávamos toneladas de alimentos no início da pandemia (lockdown) por meio da lives solidárias, era o tempo que o poder público estava fechando os estabelecimentos, isso no ano de 2020. A live mais famosa foi a dos djs Kelvin Douglas e Guilherme Morais.