Autor: Marquelino Santana
A abominação abnegada de uma marcha aviltante traz na absurdez de entes embrutecidos pela bestialização humana, a bisbórria de elementos desprezíveis à serem posteriormente condenados pela história.
A ridicularização do ser promove a indomável aversão ao outro, enquanto a marcha fúnebre encanta clamorosamente as vítimas alienadas do discurso persuasivo, que amedronta e asfixia uma massa desprovida irracionalmente de pão.
Os atos burlescos da vida são extremamente nocíveis à cidadania, e se tornam, verdadeiros catrapoços da ignorância, e da conspiração social convalescente. Nessa maquinação teimosa e doentia, a libertinagem ecoa como que desenfreada, sustentada pela marcha odiosa que procura exterminar a qualquer custo, a liberdade democrática de direito.
Uma marcha que alimenta o ódio às diferentes diferenças, que insiste em promover o deletério das classes sociais subalternas, e que deprecia os valores sócio – linguístico – culturais de um povo, certamente é uma marcha temperada à belicosidade e malevolência, e que ao mesmo tempo exala o cheiro desditoso de intolerância à vida.
A avareza degradante da marcha, mais parece um estado beligerante, anunciando a ascensão catastrófica da censura, da repressão e da dor.
Mas o estetizante e fabuloso povo, em seu fascinante deslumbramento a favor da vida e da defesa intransigente da liberdade de expressão, jamais irá se render aos propostos tenebrosos de uma marcha farsante que insiste em desconhecer a honradez humana, e a promover o advento horripilante da hostilização da vontade popular devidamente expressa na nossa irradiante carta magna.
No presságio ardiloso da morte em vida, o ritual fúnebre segue clamoroso até os degraus da capela em alarido. Em deslumbramento sobrenatural, os badalos gemem esmurrando divinalmente o sino, e este por sua vez, anuncia a chegada e saída dos pobres anárias que se destinam sob penúria até a derradeira morada.
Ao pé da cova uma cruz quebrada sinaliza a beotice humana, enquanto uma multidão à revelia da episteme, aloja-se pesarosamente no calabouço de uma catacumba escura, celebrando a desditosa marcha dos mortos vivos.
Marquelino Santana é doutor em geografia, pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas – Gepcultura/Unir e pesquisador do grupo de pesquisa Geografia Política, Território, Poder e Conflito da Universidade Estadual de Londrina.