Autor: Jéssica Marques
Um idoso de 66 anos morreu na manhã desta quarta-feira (18) enquanto esperava na fila de alimentação do núcleo de convivência São Martinho, abrigo associado à prefeita de São Paulo e administrado pelo Centro Social de Nossa Senhora do Bom Parto, na capital de São Paulo.
Foto: Reprodução | O Globo
Isaías Faria sofreu uma convulsão enquanto aguardava para tomar café da manhã. O homem teve que passar a noite na rua, próximo ao centro de convivência, após a prefeitura negar o pedido de autorização do Padre Lancelotti para receber a população sem-teto no abrigo sob alegação do espaço “estar em reforma” . O abrigo é conhecido por oferecer alimentação diariamente às pessoas em situação de rua. Horas depois, no mesmo local, um outro homem de 37 anos, também em situação de rua, passou mal, com sinais de hipotermia.
De acordo com o ClimaTempo, durante a madrugada os termômetros da capital registraram a temperatura de 8°C, com sensação térmica de -4°C, sendo considerada a noite mais fria do ano na capital. Para o Padre Júlio Lancelotti, “a situação é de extrema tristeza”. Ele lamentou o fato da “burocracia ser maior que a sensibilidade”. Em entrevista ao GLOBO, Lancellotti detalhou a dificuldade que é conseguir abrigar pessoas sem-teto, lamentando o descaso da prefeitura.
p— A burocracia para abrir essas pessoas é muito grande. E a prefeitura não se mobiliza. Eles dizem que é preciso ligar para o 156, serviço que o município disponibiliza para atendimento, mas não se preocupam em ver que essas pessoas não possuem o menor recurso para isso. Eles não possuem celular. Estão em situação de vulnerabilidade — completou o padre ao afirmar que a Catedral Metropolitana de São Paulo, localizada na Praça da Sé – SP, disponibilizará uma sala para acolher os sem-teto do abrigo São Martinho e outros moradores da região, na noite desta quarta (18). Cerca de 20 pessoas devem receber acolhimento.
Na terça (17), o governo de São Paulo, o Metrô e a Defesa Civil estadual anunciaram a abertura de um centro de acolhimento provisório para moradores de rua na estação Dom Pedro II, no Centro de São Paulo, para que pessoas sem-teto possam ficar durante as madrugadas de frio extremo na cidade. A ação chamada “Noites solidárias” aconteceu pela primeira vez no inverno do ano passado, quando as temperaturas chegaram a 6º C, e, neste ano, terá capacidade de abrigar cerca de 100 pessoas nas dependências da estação, sempre a partir das 19h.