Autor: Cícero Moura
RAIVA
Nem é mais questão de ser de Direita ou Esquerda. É coisa de sanidade mental mesmo. Fecha-se os olhos para o Direito Constitucional, Institucional e se vive como no Velho no Oeste, onde uma arma na cintura é o que impunha respeito.
As atitudes do ex-deputado Roberto Jeferson em relação à uma juíza da Suprema Corte Brasileira e aos policiais cumpridores de determinação judicial estão fora de qualquer racionalidade que se espera de um cidadão conhecedor de direitos e deveres.
LEGALIDADE
Duvido que exista uma única pessoa lúcida que tenha chegado a pensar que um indivíduo vai se referir publicamente a uma ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia, com citações que a colocam na condição de vagabunda e prostituta, e tudo ficará por isso mesmo.
LEGALIDADE 2
Aliás, o teor principal da ordem de prisão nem foram às ofensas dirigidas à ministra Carmem Lúcia, mas ao fato de Roberto Jeferson ter desrespeitado uma ordem do STF de se manter longe de redes sociais enquanto cumpre prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
Amparado por uma falsa defesa da democracia, Roberto Jeferson, que é advogado, entendeu que a Polícia Federal não deveria ter ido na casa dele, no interior do RJ, e recebeu os policiais a tiros e com bomba.
Chegou a fazer um vídeo mostrando a viatura policial danificada e enaltecendo sua postura que considera como “resistência” ao que chama de antipatriotismo, abuso do judiciário classificado como tirania.
VERGONHA
Além de toda a estupidez protagonizada por Roberto Jeferson, o Brasil viu ainda um grupo de alineados cantando “eu sou brasileiro com muito orgulho” durante a prisão do ex-deputado, como se ele fosse um injustiçado diante dos fatos ocorridos.
VERGONHA 2
Para tornar o ambiente ainda mais vergonhoso, Roberto Jeferson foi tratado como uma sumidade pelo policial que cumpriu a decisão judicial quando ele se entregou. O policial chegou a justificar “despreparo” da equipe escalada para cumprir a ordem da Justiça. “ São burocratas, trabalham em escritório, não são operacional ” justificou o policial.
Deve ser realizada até o meio dia de hoje a audiência de custódia de Roberto Jefferson. Ele está no presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, onde chegou chegou por volta de 1h15 da manhã, após passar pelo Instituto Médico Legal.
PENITENCIÁRIA
Ele pode ser transferido para o Complexo Penitenciário de Bangu ainda nesta segunda-feira (24). O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, em uma atitude incomum, está acompanhando o caso a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
HISTÓRICO
O uso de armas no ataque contra policiais federais é mais um capítulo da tumultuada carreira política do ex-deputado Roberto Jefferson, cacique do PTB.
HISTÓRICO 2
Jeferson foi contra o impeachment de Fernando Collor de Mello, foi denunciado e condenado no mensalão do PT e passou a ser bolsonarista quando o governo aderiu ao centrão.
Sempre na base do governo do momento, Jefferson passou pela gestão de Collor (1990-1992), Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), esteve com Lula no primeiro governo até romper por causa do mensalão.
BOLSONARO
Quando o presidente Bolsonaro abriu as portas do governo para o centrão, Jeferson foi correndo atrás da oportunidade de se manter no poder.
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A adesão ao bolsonarismo veio aliada a mostras públicas do gosto pelas armas e violência como forma de discurso.
ARQUIVO
O CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) da Fundação Getulio Vargas, por exemplo, mostra que a relação do ex-parlamentar com armas é antiga.
NA CINTURA
Registros apontam que em fevereiro de 1988 ele chegou a ser acusado de ter ido armado a uma sessão da Constituinte com o objetivo de resolver desavenças com o então deputado Jorge Uequed (PMDB-RS).
NEGATIVA
Jefferson negou ter ido armado ao plenário, mas, no entanto, disse que era membro da Confederação Brasileira de Tiro ao Alvo e possuir uma coleção de armas.
ATITUDES
A junção da exposição do uso de armas com os ataques virulentos contra autoridades e instituições foram os principais motivos para Jefferson entrar na mira das investigações conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes.
SUSPEITO
Roberto Jeferson foi alvo das três principais investigações: os inquéritos das fake news, atos antidemocráticos e milícias digitais.
OFENSIVA
Os investigadores dizem ver na reação de Jefferson contra a PF a continuação dos ataques que ele vem fazendo desde o início de 2020, quando passou a ser alvo das apurações.
A tirania citada por Jeferson na verdade foi considerada vinda dele próprio. Com uma foto segurando um fuzil, mesmo tipo de arma que mantinha em sua casa e atirou nos policiais, o ex-deputado pediu a Bolsonaro para substituir os 11 ministros do STF.
OPINIÃO
O mais grave nisso tudo é que ninguém aposta um centavo de que o ódio e a violência política irão acabar após as eleições de 30 de outubro.
OPINIÃO 2
Aliás, ninguém arrisca nem mesmo apostar sobre governabilidade, estabilidade política e econômica, caso o candidato Luis Inácio Lula venha a ser eleito.