Autor: Marquelino Santana
O aviltamento humano e a sua abominação à terra mãe, transforma-se numa fútil abjeção que coloca a natureza exuberante em estado opróbio da vida e numa condição escabrosa e exacerbada do ser.
Essa alcantilada agrura da intolerância humana destrói o pertencimento, arruína o sentimento, provoca a aversão repugnante e sepulta a inteireza de caráter do homem.
No auge da desordem e do conflito, o bem viver é desonrado pela avidez de espírito, é asfixiado pela cobiça ignominiosa, é desterrado pela antipatia e afugentado pela soberba e insolência de uma geopolítica sem remo e sem rumo que nos leva ao sacrifício de suprimir o amor pela vida.
A verde mata é arrebatada pelo ódio, a natureza é tratada com rancor, a terra mãe é perseguida pela beligerância, enquanto os seus rebentos são cruelmente alijados do pertencimento de lugar.
A ascensão insolente e grosseira da mente humana provoca o desalojamento de almas, cessa a concatenação do ser com a terra, extenua a harmonia estetizante do enraizamento cultural e violenta com escárnio a virtuosa volúpia do bem viver.
Esse prodigioso e inefável bem viver é arrancado brutalmente do vivificante lugar, é estagnado de forma espúria pela estigmatização preconceituosa e evasiva, é extenuado pela prática incessante de atos burlescos e fragilizado pela gandaia grotesca do desregramento público vigente.
A insignificância da estupidez humana e o conluio da chicana administrativa, são de forma clarividente, as duas colunas que erguem o deletério do poder público, ou seja, o gargalo e a cruz.
Marquelino Santana é doutor em geografia, pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas – Gepcultura/UNIR e pesquisador do grupo de pesquisa Geografia Política, Território, Poder e Conflito da Universidade Estadual de Londrina – UEL