O rebento humano é a marca da sobrevivência e o axioma do pertencimento de lugar. O ente ao apropriar-se do seu primeiro mundo estará internalizando os seus fazeres cotidianos e apreendendo ao seu ser, o peculiar e imaculado estágio de enraizamento e pertencimento do singular e plural espaço de ação.
O discurso da estereotopia insiste em ceifar a vida do rebento, em desalojar a sua alma e asfixiá-lo na delituosa rede dos crimes contra a vida e contra a destruição do seu habitat natural.
Geraldo Cruz – Vida I – óleo sobre a tela – TJ – RO – 2000
O poder bélico destrói o sagrado lar, enquanto os autênticos guardiães da mata, quando conseguem sobreviver, são encurralados às margens da sociedade e transformados em míseros famintos da cidade grande.
O rebento perde a sua beleza estética, realiza uma viagem simbólica ao imaginário do lugar e não consegue encontrar uma resposta que elucide o que o fez ficar sem mata e sem pão. Condenado a fúria da hostilização desumana, ele tropeça nos degraus da vida e tomba desenfreado rumo a rua das covas.
O seringal ruiu despossuído, a coletividade foi segregada, o lugar tornou-se esmaecido, os saberes e fazeres foram escamoteados nos bastidores dos interesses econômicos, enquanto as políticas públicas da invisibilidade continuam desalojando as almas dos rebentos florestais.
Marquelino Santana é doutor em geografia, pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas – Gepcultura/Unir e pesquisador do grupo de pesquisa Geografia Política, Território, Poder e Conflito da Universidade Estadual de Londrina.