Autor: Marquelino Santana
Averso a brandura e empatia, distanciado de sentimento e pertencimento, e absorto por um mar de lama que o absorveu, Zé Ninguém insiste afrontosamente em abdicar da doçura de sua própria alma.
Sem obstinação e comiseração, sem benevolência e valor, e sem empatia e generosidade, Zé Ninguém tornou-se adepto da balbúrdia e da mentira ardilosa.
Zé Ninguém optou pelo estado da belicosidade, por alijar as vestes da terra mãe e por se caracterizar como exímio delinquente de uma mentira ardilosa e beligerante.
Caduco e obsoleto, Zé Ninguém prefere condenar a floresta ao patíbulo e ao infortúnio do que oferecer uma lição de amor a um órfão de felicidade. Sem honra e sem pudor, ele sonha com as coletividades tradicionais e originárias, submetidas de forma abrasadora a um estado agonizante de catástrofe e sofrimento.
Zé Ninguém insiste em ceifar a alma e a vida, insiste em cercear o direito à intelectualidade, e insiste em promover os cacófatos planos da criminosa e imoral falsidade ideológica. Seus atos execrados, ferem profundamente o estado de direito, pois prefere adotar o desregramento, em vez de lutar pelo advento dadivoso de uma axiologia ontológica do bem viver.
Mas diante da sua derrocada humana, Zé Ninguém esqueceu de dizer que não é um zé ninguém, este seu delituoso perfil social diz muito bem quem ele é, ou quem ela é: uma espécie de sociedade criminosa envolvente que quer defraudar e desterrar a benevolente alma de uma coletividade amazônica ribeirinha, fixada no encontro das águas do Madeira e o Abunã.
Zé Ninguém não é pai, não é mãe, não é família. Zé Ninguém não é amor, é apenas um olheiro ou olheira de quem prefere ceifar a vida do que plantar uma semente do relevante ato de educar.
Na sua ruina humana, ele quer uma danosa desorganização generalizada do poder público, para poder continuar provocando a perda da esperança, da desilusão, da frustração e do sentimento de tristeza.
Zé Ninguém é o espelho do descalabro, do desdém e da hecatombe humana. Zé Ninguém, Zé Olheiro, Zé Faccioso e Zé Devassidão, eles se unem para matar o homem e a terra, mas os nossos direitos, eles nunca matarão.
Marquelino Santana é doutor em geografia, pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas – Gepcultura/Unir e pesquisador do grupo de pesquisa Geografia Política, Território, Poder e Conflito da Universidade Estadual de Londrina.