As manifestações da semana passada, quando a população “trancou” os acessos de entrada dos distritos, Vista Alegre do Abunã, Extrema e Califórnia deixaram no ar uma pergunta. O que estaria acontecendo nos distritos da Ponta do Abunã? As vozes, os gestos reivindicatórios se espalharam e eles continuam.
Em Vista Alegre o problema é a saúde, ou a falta dela. A população culpa a administração municipal que vêm se mostrando ausente.
Na rua enlameada está localizado o principal posto de saúde de Vista Alegre do Abunã. Logo na entrada principal da instituição, uma faixa pendurada no muro informa “que saúde no Distrito vai de mal a pior”.
No local, pacientes do Distrito, distante (259,2 km) do setor urbano de Porto Velho são atendidos, ou, melhor tentam quando as condições estruturais permitem. Pelo menos foi o que a reportagem comprovou.
No Distrito é explicito que o poder administrativo não tem voz ativa. É tão real que foram os próprios moradores que percorreram as representações públicas, denunciando as mazelas direcionadas “aquém” cabe resolve-las, o município.
A parte interna do prédio revela o pior na estrutura da unidade hospitalar. A sala onde ficavam os agentes comunitários de saúde (ACS) hoje funciona a triagem que abrigou também no minúsculo espaço a equipe de emergência. Em dias de atendimentos os poucos servidores não dão contam da demanda. Uma única enfermeira chega a atender uma média de 100 gestantes por mês.
No dia em que a reportagem esteve no distrito na sexta-feira (18) um paciente acabava de dar entrada no posto de saúde, mas precisou ser levado para Extrema a (63,3 km) distante dali. Motivo: exatamente naquele dia era a folga do médico plantonista.
As paredes rachadas do posto, na parte de dentro, denunciam a falta de manutenção no prédio.
Ao lado de onde acontece o atendimento aos pacientes, o recipiente com o lixo hospitalar não tem “tampa”. Objetos usados pela equipe médica, como seringas e luvas cirúrgicas permanecem expostos, colocando em risco a vida dos usuários.
Segunda a moradora a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) foi comunicada do problema e até chegou a atender o pedido, enviando um recipiente do tamanho de um cesto de lixo de mesa. Quanto a coleta do lixo hospitalar, os moradores alegam que fica a cargo dos próprios funcionários.
Após a manifestação ocorrida no início da semana passada, com duração de mais de 120 horas, a Prefeitura de Porto Velho por meio da Secretaria Municipal de Saúde enviou uma ambulância para prestar atendimento à população.
Ironia ou não o risco que os pacientes vêm correndo ao serem transportados no veículo parece ser bem pior que o próprio problema de saúde apresentado.
Tudo porque a porta traseira por onde entram os doentes e os acompanhantes esta com a maçaneta emperrada. Com isso a porta não trava.
Outro detalhe, caso não fossem os problemas como vazamento de óleo, a falta de combustível e danos no reservatório de água. Se não fossem esses pequenos mais importantes detalhes a ambulância de acordo com os moradores estaria rodando normalmente.
Ainda segundo eles, todas as vezes que necessitam do veículo a população se reúne e faz uma espécie de “vaquinha”. Da contra partida de todos é comprado o combustível que abastece o carro.
“Sempre é isso que acontece em Vista Alegre do Abunã. Eles (Município) mandam a ambulância temporariamente. Quando a gente menos espera o carro retorna para Porto Velho. Quanto à população, fica a mercê. Ser transportado na carroceria de uma caminhonete aqui é uma realidade”, lamentam os moradores.
Em nota a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), disse que enviou uma ambulância ao local. Quanto ao abastecimento de remédios, a Secretária está realizando de maneira regular e mensal. Em relação aos servidores, as unidades contam com equipe completa.