No final do ano passado, a dupla Zé Neto e Cristiano, um dos maiores sucessos do sertanejo no Brasil atualmente, se envolveu em uma forte polêmica. Na ocasião, eles dedicaram o troféu Melhores do Ano do Domingão do Faustão ao presidente Jair Bolsonaro, que havia sido eleito semanas antes.
Na ocasião, o vídeo começou a viralizar nas redes sociais e muitos fãs dos cantores demonstraram decepção com a atitude. Os dois concederam uma entrevista para a coluna de Leo Dias no portal UOL e falaram sobre alguns assuntos, inclusive a repercussão negativa do posicionamento político da dupla.
Cristiano revela que foi orientado a não expor sua posição política. “Ouvi do Edson [da dupla com o Hudson] que artista não pode ter partido, religião nem torcer para time de futebol. Poxa, isso é muito chato. A gente ficou muito chateado [com a repercussão], porque foi um negócio inocente. Nós nunca postamos nada”, garante.
Zé Neto revela que os dois, que são irmãos, têm Bolsonaro como amigo particular. “Naquele dia, em que a gente ganhou, mandamos vídeos como aquele para um monte de gente. Estávamos muito eufóricos. Quem mandava mensagem dando parabéns, a gente respondia. E ele [Bolsonaro] mandou uma mensagem parabenizando, e a gente também mandou o vídeo. Só que ele era o Bolsonaro e ele postou. Não foi a gente. A gente nunca postou nada falando de política.
Ameaças de morte
Leo Dias questiona a dupla sobre como o posicionamento político interfere na relação com os fãs. Nesse momento, Cristiano revela que os dois chegaram a receber ameaças de morte depois que o vídeo ganhou as redes sociais.
“A gente recebeu muita ameaça, ameaça de morte. Eu cantei algumas vezes com medo depois do acontecido. Eu acho que, do mesmo jeito que as pessoas do outro lado têm o direito de votar, eu também tenho o direito de votar em quem eu quero. Além disso, eu acho que o momento é de a gente se unir e batalhar [pelo bem do Brasil]”, diz o sertanejo.
O colunista ainda pergunta se a divulgação das imagens foi a maior “cagada” que eles fizeram. Zé Neto, no entanto, não acredita nisso. “Não acho que foi cagada. Foi inexperiência, mas foi algo que deixou a gente bem mal. Ver o ódio das pessoas, sabe? A internet, hoje, está um saco. Você não pode falar mais nada, não pode fazer nada. Tudo o que você faz é motivo…”
E ele continua: “Eu costumo dizer que, hoje em dia, tem muito juiz e poucos advogados, poucas pessoas com amor no coração para compreender. Ninguém vai a seu favor. Estão só esperando uma “rata” [um vacilo], igual à questão do Ferrugem [acusado de agressão]. Não que ele estivesse certo. E também do MC Gui [acusado de fazer bullying com uma criança na Disney]. Acho que eles foram infelizes em situações, mas as pessoas crucificam. Agem como se tivesse acabado a carreira do cara. Não conseguem ver nada de bom que ele fez”.
Para Cristiano, a situação de MC Gui trouxe uma reflexão. “Me perguntaram se eu o perdoaria. Quem sou eu para não perdoar uma pessoa? Agora, muita gente que atacou o MC Gui… Você entra no perfil delas, 90% está lá dizendo ‘Deus é fiel’. Cara, como é que você fala de Deus, vivencia Jesus, se não consegue perdoar o seu irmão? Quem nunca errou?”.