Mato Grosso – Jaira Gonçalves de Arruda, de 42 anos, foi indiciada pela Polícia Civil de Mato Grosso por homicídio duplamente qualificado. Ela é acusada de envenenar a enteada, Mirella Poliane Chue de Oliveira, de apenas 11 anos. A motivação seria uma indenização de R$ 800 mil que a menina receberia.
A morte de Mirella foi constatada em junho deste ano, depois que ela foi levada a um hospital particular de Cuiabá, já sem vida. Na época, foram cogitadas as possibilidades de abuso sexual e suspeita de meningite. Depois, laudo do Instituto Médico Legal descartou o abuso.
A causa “indeterminada” da morte passou a ser investigada pela Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica), de Cuiabá.
A mulher foi ouvida logo depois da morte da criança, e contou que era sua madrasta desde que ela tinha dois anos. Falou ainda que, por isso, se considerava mãe da menina.
Jaira também afirmou que Mirella começou a ficar doente dois meses antes da morte, ainda em abril. Os sintomas eram dor de cabeça, tontura, dor de barriga e vômito, segundo ela.
Exames da Politec apontaram duas substâncias no sangue da criança. Uma delas seria um veneno que provocava intoxicação crônica ou aguda e leva à morte.
Mas ainda restava entender como ela havia sido envenenada, quem cometeu o crime e o motivo.
Foi então que a Deddica desvendou o envenenamento. A Polícia Civil esclareceu que Mirella teria recebido R$ 800 mil de indenização. O valor foi pago por causa da morte de sua mãe, devido a um erro médico em seu parto.
Os investigadores concluíram que o crime foi premeditado. Por dois meses, a mulher administrava doses diárias do veneno na menina. Foi desencadeada, então, a Operação Branca de Neve, que resultou na prisão da madrasta.
Conforme a Polícia Civil, o pai de Mirella não sabia o que a companheira fazia. Por isso, ele não foi indiciado. “A madrasta conduzia e tinha controle de todas as situações na família – financeira, educação, saúde e demais cuidados com a criança”, concluiu a polícia.
Também matou o avô?
As investigações também revelaram a possibilidade de que Jaira tenha matado o avô paterno de Mirella. O homem, Edson Emanoel, morreu em março de 2018, e era com ele que a criança morava até a data. Depois de sua morte, a menina passou a morar com a madrasta.
Para tentar confirmar a suspeita, a Polícia Civil pediu a exumação do corpo. No entanto, explicou que, devido ao tempo, pode não ser possível encontrar vestígios. O caso vai ser investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP).
Já quanto ao dinheiro de Mirella, ele seria depositado este ano, no nome da criança. Ele é resultado de uma briga judicial de 10 anos, movida pelos avós maternos da menina.
Mirella só poderia movimentar o valor depois de adulta. Contudo, a Justiça autorizou que uma pequena quantia fosse usada nas despesas da criança.
Com a conclusão do inquérito, a Justiça já decretou a prisão preventiva da mulher. que estava presa temporariamente desde setembro. Agora, ele deve permanecer no presídio feminino Ana Maria do Couto.