CANUTAMA, SUL DO AMAZONAS – Depois de vir lutando por décadas a fio pela preservação e conservação da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), o trabalhador ferroviário José Bispo de Morais, 86, encontra-se convalescendo de um conjunto de graves viroses após várias semanas em tratamento médico em sua casa no bairro Mariana, Zona Leste da Capital rondoniense.
Bispo é Presidente da Associação representativa da categoria e teve a saúde balada, pela vez primeira, no início deste ano ao ser informado que a entidade iria ser desalojada da Estação Central dos Trens. O anúncio foi feito pelo Presidente da Fundação Cultural do Município (FUNCULTURAL), museólogo Antônio Ocampo Fernandes.
Na seqüência, uma segunda ordem oriunda do gabinete do prefeito Hildon Chaves (PSDB), o surpreendeu ao ter os pertences da entidade lançados em uma sala fétida, sem iluminação, climatização ou local adequado para atender os associados é o público – como ocorria no Prédio do Relógio e da Estação Central desde as gestões de Carlinhos Camurça, Roberto Sobrinho e Mauro Nazif.
Indignado e com as constantes sessões de mudança patrocinadas pela atual gestão, José Bispo de Morais, apelou, então, à Curadoria do Meio Ambiente e da Defesa do Patrimônio da União, ocupada pela Procuradora da República, Gisele Bleggi (transferida da cidade de Tabatinga, na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru). Ao que parece, não teria tido como obter outro espaço para que a Associação funcione, como nos antigos ambientes do prédio do Relógio e da Estação dos Trens.
De surpresa e em surpresa advinda da gestão municipal, José Bispo de Morais, ultimamente, segundo o Vice-Presidente da categoria, George Telles de Menezes, 59, 'vem tendo o seu perfil patológico abalado e decaindo na sua qualidade de vida e de trabalho em defesa dos interesses do patrimônio ferroviário e da categoria, em si'.
– O primeiro abalo teve início com um princípio de infarto e agora, por conta e risco de doenças que, provavelmente, aparecem em função do seu estado físico-emocional devido ao enfoque dado pelas autoridades a um suposto plano de desmonte, à conta gotas, da Madeira Mamoré, até 2020, afirma George Menezes, Carioca.
O GRANDE SONHO – Melhorar a qualidade das condições de sua vida, bem como estabilizar o perfil patológico e de otimizar o trabalho que desenvolve pela restauração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), na inicial do projeto estabelecido com o Governo Federal, entre Porto Velho à Vila Candelária, depois até Guajará-Mirim com a Bolívia, é o que pretende o velho ferroviário.