Porto Velho, RO – Durante os últimos 50 anos (1970-2019) o ouro extraído do Rio Madeira em áreas de sequeiro ou aluvião, movimentou milhões de reais no Estado de Rondônia e região. Porém, a maior parte teria migrado para o eixo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Outra parte, a países com fronteiras com o Brasil.
Dos garimpos da Serra Sem Calça (considerada segunda Serra Pelada) ao Belmont, a Capital rondoniense era vsta nadando em dinheiro fácil. Ao redor do Trevo do Roque à rotatária da BR-364, a 'moeda de troca era o ouro'. Era dado por favores sexuais, corrida de taxi, aluguel de casa e até compra de prédios em negócios relâmpagos e fantásticos, de ocasião.
Ao tempo de um abrir e piscar de olhos, garimpeiros endinheirados eram vistos saindo cambaleantes do Bar e Lanchonete ARAPUCA, dos dancings Copacabana, Paissandu, Araribóia e da Casa de Anita (O Luz Vermelha), esse abaixo da Serraria São Jorge, antes de chegar no posto Garimpeiro fincado no entorno do viaduto da Campos Sales, não passavamm ao largo do crivo da Polícia e espertalhões.
As circunstâncias vivenciadas por garimpeiros no período de 1980 a 90 já prenunciavam a partir desse período 'um grande jejum nas áreas de ocorrências de ouro a patir dos anos subsequentes', afirmou Washington Charles Cordeiro Campos, 76, garimpeiro, pesquisador e técnico em mineração vindo do Rio Grande do Norte.
De lá pra cá, poucos governos deram importância ao controle dos processos informais e legais de extração mineral. Apenas se manifestavam quando da ação repressiva. Segundo Cordeiro Campos, 'Rondônia, até aqui, só perderia para o Pará, detentor maior das grandes jazidas de ouro da face terra'.
Do auge das corridas ao ouro do Rio Madeira, Serra Sem Calça, Belmont, Mutum-Paraná a Serra do Touro, passando pelo Bom Futuro, garimpeiros em milhares 'apoitavam' em Porto Velho, a maioria vindos do Nordeste (Maranhão sempre liderou os contingentes de aventureiros). A corrida ao ouro era intensa e perigosa. 'Quem tinha ouro não falava dentro dos garimpos, só na cidade, como ostentação à cata de luxo, do conforto e das mariposas pagas do momento (mulheres de programa).
Não se sabe ao certo qual é o potencial que resta do estoque restante de ouro ao longo da bacia do Rio Madeira e seus afluentes. Porém, ainda hoje, a mineração rondoniense desempenha papel cada vez nais relevante no cenáio econômico da região. Seja ouro, cassiterita ou seja diamante, 'a busca dos garimpeiros é incessante por esse tipo de achado', diz Cordeiro Campos.
Após a instalação da usinas a dragagem de antigas áreas destinadas pelo Conselho de Segurança Nacional a Cooperação de Garimpeiros e Mineração MINACOOP, fundada por Washington Charles Cordeiro Campos, em 2006, com ajuda em Brasília pelo falecido deputado Eduardo Valverde, 'foi proibida'. À época, a entidade não trecebeu nenhum tipo de compensação, mesmo sendo a detentora legal das áreas usadas à formação dos lagos.
Restritos aos limites de atuação da ponte sobre o Rio Madeira à localidade Belmont, garimpeiros e dragueiros, definham à cata de filigramas de ouro que desceriam a jusante a montante das usinas. Bem diferente do tempo em que, com licenciamento ambiental, a MINACOOP mantinha associados em operação acima e abaixo do Madeira', se recorda o velho garimpeiro.
Houve um tempo de 'vacas gordas' em que se produzia até 400 quilos em média. No geral, em face da operação de outras Cooperativas atuarem em áreas diferentes, 'o percentual da MINACOOP sempre tributado e nunca motivo de apreensões por parte da Polícia Federal', ressalta o ex-presidente da entidade.
Atualmente, por causa das operações das hidrelétricas, praticamente, a atividade garimpeira à jusante da ponte da ponte sobre o Rio Madeira, 'se encontra em posição semi-terminal em termos de produção', lembra dragueiro que diz que 'o garimpo exauriu e já não se despesca nem 100 gramas diárias, como nos tempos áureos das fofocas de 1970 que geraram uma grande corrida do ouro a Amazônia.
Ele, como uma grande parte, devido à escassez do produto e o alto custo nos investimentos (diesel, pessoal e documentação), 'está migrando por Amazonas e de lá, para as Guianas', onde o negócio parecido mais atraente. Enquanto isso, no Pará, apesar da abundância, o governo paraense mantém forte repressão às atividades garimpeiras, sejam em áreas pré-estabelecidas ou não. Lá, os contingentes de garimpeiros é gigantesco e rotativo.
Dos anos 2000 a 2019, três cooperativas instaladas na cidade de Porto Velho, duas delas investigadas pelo Fisco Federal através de intensas operações da Polícia Federal (Operação Rio de Ouro, Eldorado e outras), tentam sobreviver da atividade aurífera abaixo da ponte sobre o Rio Madeira até ao limite do Distrito de Calama, no entroncamento que dar acesso à localidade de Maici, sul do Amazonas.
Nesse período, com as interdições de garimpos e apreensões de maquinários com queima desses, garimpeiros se aventuram nas áreas de 'fofocas' que ainda teimam existir ao longo do Rio Madeira no eixo Porto Velho ao Amazonas. Raramente, dragueiros em mini-grupos migram aos garimpos do rio Teles Pires (MT) ou se acantonam, ilegalmente, em atividades de extração de diamantes nos dois lados das Terras Indígenas Cinta-Larga de Rondônia e Mato Grosso.