Nos últimos dias, os debates entre candidatos à prefeitura de São Paulo têm sido marcados por episódios lamentáveis de agressões físicas e verbais, deixando a opinião pública em estado de alerta. No debate de algumas semanas atrás transmitido pela televisão, um dos candidatos, José Luiz Datena (PSDB), após ser provocado incessantemente, desferiu uma cadeirada em seu adversário, Pablo Marçal (PDTB), ao vivo e diante de uma plateia de telespectadores chocados.
Se o episódio parecia ser o ápice do desrespeito, outra cena alarmante ocorreu na última segunda-feira, 23, durante um debate promovido pelo Podcast Flow. O mediador, jornalista Carlos Tramontina, expulsou o candidato Pablo Marçal (PRTB) após o descumprimento das regras previamente acordadas. O desfecho dessa expulsão foi ainda mais violento quando um assessor de Marçal atacou o marqueteiro do candidato Ricardo Nunes (MDB), desferindo um soco no rosto que resultou em um corte profundo e sangramento.
Esses incidentes trazem à tona a crescente onda de agressividade que vem contaminando os debates eleitorais no Brasil, desvirtuando o propósito inicial desses encontros. E o perigo não se limita a São Paulo.
A violência, no entanto, não é um fenômeno novo. Durante as eleições presidenciais de 2022, os debates também foram marcados por uma série de agressões verbais entre os candidatos. Um dos confrontos mais notórios e desrespeitosos foi entre o atual presidente Lula e o então candidato Padre Kelmon, que resultou em xingamentos e difamações de ambos os lados. O nível de ofensa foi tão elevado que muitos eleitores ficaram perplexos, temendo que a troca de insultos quase levasse às vias de fato.
Com os debates municipais se aproximando, Porto Velho enfrenta um perigo iminente. Pelo menos dois candidatos à prefeitura, desde o início da campanha, têm utilizado as redes sociais como campo de batalha, disseminando ataques e ofensas à honra de seus adversários. O clima de hostilidade já está instaurado, e há receios de que, em um cenário tão acirrado, os debates locais possam replicar os incidentes vistos em São Paulo.
É importante que os eleitores porto-velhenses fiquem atentos. Historicamente, a cidade rejeita candidatos que fogem à boa conduta e à ética democrática. O ódio e a agressão nunca prevaleceram sobre aqueles que, com seriedade e dedicação, comprovam seu trabalho e sua capacidade de propor os avanços que a cidade ainda precisa. O eleitor deve avaliar com cuidado as posturas dos candidatos, pois a agressividade, em vez de trazer soluções, desvia o foco das questões que realmente importam.
Porto Velho enfrenta desafios importantes, e é nesse campo que os debates deveriam se concentrar. A crise hídrica que afeta a cidade precisa de soluções urgentes, inclusive com o anúncio de que a prefeitura, em parceria com Serviço Geológico Brasileiro, iniciou a construção de poços artesianos em comunidades ribeirinhas para oferecer água potável à população afetada pela estiagem. Além disso, já existem projetos em andamento que visam abrir um novo ciclo de desenvolvimento. Entre essas iniciativas estão a conclusão das obras da nova rodoviária ainda este ano, o primeiro hospital municipal, e programas de urbanização de ruas e praças. Desde sempre, esses são os temas que merecem destaque nos debates, pois são os que influenciam diretamente a vida dos porto-velhenses.
Diante de um cenário tão hostil, é relevante que o eleitor de Porto Velho escolha com responsabilidade. As ofensas e o ódio não devem encontrar espaço na política local. O momento é de debater ideias e apresentar soluções que façam de Porto Velho uma cidade melhor para se viver. E, acima de tudo, é hora de rejeitar aqueles que priorizam a agressividade em vez de projetos para o futuro.